Detentos das unidades prisionais do estado irão participar, mais uma vez, expondo produtos na Fenearte, que acontece entre os dias 2 e 12 de julho, no Centro de Convenções. Os 150 reeducandos fizeram as peças que serão expostas no stand da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) durante os dez dias da feira.
Os materiais utilizados na confecção dos produtos são variados, como madeira, papel, palito, tecido, metal e palha de bananeira. Entre o material produzido estão: tabuleiros de xadrez, casinhas de boneca, almofadas, artigos para decoração, brinquedos infantis, toalhas bordadas e baús decorativos em madeira.
De acordo com o secretário da Seres, Romero Ribeiro, o trabalho é uma das principais ferramentas de ressocialização. “Incentivamos este tipo de atividade, pois além de ocupar a cabeça do recluso, serve como fonte de renda para os artesãos”, explicou o gestor. O stand da Seres está localizado Rua 18, nº 360.
A Seres mantém ainda duas lojas que comercializam durante todo o ano as peças produzidas pelos reeducandos/artesãos. Elas estão situadas na Casa da Cultura e no Shopping Paço Alfândega.
Duzentos reeducandos que cumprem pena no regime semiaberto na Penitenciária Agroindustrial São João, em Itamaracá, e na Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima passarão a fazer parte do Projeto Nova Chance. Uma parceria firmada entre o governo do estado e a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Ressocialização (Seres) e da Emlurb, permitiu a utilização da mão de obra dos presos.
Os trabalhadores atuarão na limpeza urbana (serviços gerais de capinação, jardinagem e varrição), na recuperação de vias e espaços públicos, e nos serviços de manutenção nas áreas de eletricista, pedreiro, pintor, encanador, jardineiro e servente.
Segundo a assessoria de imprensa da Seres, o principal objetivo do projeto é promover a reintegração social através do trabalho. Além da remuneração, eles são beneficiados com a redução da pena, pois três dias dedicados à laborterapia significa um a menos na prisão.
O boné azul escuro estava virado para trás e combinava com a camisa da mesma cor. Os olhos, atentos, não piscavam. “O que você está achando?”. “Legal!” “Por que legal?”. “É que vendo uma coisa dessas, a pessoa pensa que as coisas vão mudar”. “E você não acredita que vão mudar?”. “Elas têm que mudar, né?”. O diálogo entre a repórter e um dos 333 reeducandos da Funase do Cabo de Santo Agostinho aconteceu na manhã de ontem, durante apresentação da Orquestra Criança Cidadã na unidade. Mais que uma declaração, a resposta dada por D.S., 18 anos, é o retrato da esperança que o garoto guarda em meio à violência, à carência e à insegurança que fazem parte de seu dia a dia.
O concerto, iniciado pontualmente às 10h com o tango Por una cabeza, de Carlos Gardel, foi assistido por cem jovens de 16 a 21 anos. Encerrado uma hora depois, o evento foi o começo de um trabalho de ressocialização dos internos que será desenvolvido nos próximos meses pelo estado e a Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC), ONG à qual está vinculada a orquestra.
“Essa apresentação é muito mais significativa para os meninos desta unidade do que aparenta ser. A gente consegue despertar o interesse de alguns que até agora não se viram motivados a mudar de vida”, afirmou o desembargador Nildo Nery, presidente da ABCC. Ele acompanhou toda a apresentação regida pelo professor e maestro Márcio Pereira.
Os jovens músicos, todos do Coque – uma das comunidades com menor índice de desenvolvimento humano (IDH) do Recife – apresentaram canções como My way, de Paul Anka, Asa branca, de Luiz Gonzaga, e Carinhoso, de Pixinguinha. “Queremos aprofundar o que chamamos de cultura de vida, mostrando que o caminho da paz muda as pessoas”, afirmou o secretário da Criança e da Juventude de Pernambuco, Pedro Eurico.
Além da orquestra, se apresentaram Saint Clair e MC Júnior, de Santo Amaro. Também foi celebrado um culto por um grupo de oito internos evangélicos. O evento teve participação de agentes socioeducativos, funcionários da Funase e parentes dos reeducandos, já que quarta-feira é dia de visita. Alguns internos preferiram ficar nas celas, recebendo familiares.
Depois de ser reformada e ampliada, a Cadeia Pública de Goiana foi reinaugurada nesta sexta-feira. A unidade que abrigava 48 reeducandos em oito celas passou agora a ter 13 celas e capacidade para 80 presos. Tudo no local foi trocado. A unidade ganhou novo telhado, instalações elétricas e hidráulicas, piso e gradil novos. A cadeia também passou a ser informatizada. As obras tiveram custos de R$ 590 mil.
A secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos falou sobre a reabertura da unidade. “A cadeia que entregamos, não seria possível se não tivéssemos trabalhando juntos, governo do estado e municipal, para tornar realidade essa obra que vai ressocializar os privados de liberdade”, ressaltou.
O secretário executivo de Ressocialização, coronel Romero Ribeiro, adiantou que o objetivo da secretaria é criar mais 7.200 vagas com as reformas das cadeias de Bonito, Catende e Ferreiros, além da construção da cadeia de Santa Cruz do Capibaribe e do Presídio de Tacaimbó.
Será inaugurado nesta quarta-feira, o alambrado do Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), em Canhotinho, no Agreste de Pernambuco. O CRA é um presídio agrícola que abriga cerca de 900 reeducandos do regime semiaberto. Na ação, o governo do estado investiu R$ 600 mil. Com 800 metros de extensão, o alambrado reforçará o controle das entradas e saídas dos presos.
Junto com o alambrado, foram construídas duas permanências (postos de vigilância) em lugares estratégicos da unidade prisional. Além disso, o local passa a contar com oito câmeras de monitoramento eletrônico, que permitem a visão geral da unidade prisional durante 24 horas por dia. Ainda na quarta-feira, a Secretaria de Ressocialização entregará aos reeducandos do Centro de Ressocialização do Agreste duas salas de aula e uma biblioteca do anexo da Escola Amélia Gueiros, instalada dentro do CRA, piscicultura – espaço de criação de peixes ornamentais e a fábrica de sandálias.
Quem são e qual a situação processual dos 25 mil reeducandos do estado? As respostas serão apresentadas pelo primeiro Censo Penitenciário de Pernambuco que será realizado nos meses de agosto e setembro deste ano. Nesta terça-feira, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) fará um workshop para capacitar os cerca de 250 profissionais que estarão envolvidos na atividade. O censo faz parte do Sistema Integrado de Administração Prisional (Siap), que vai reunir as informações de todo o sistema prisional do estado. O Siap é fruto de um convênio com o Ministério da Justiça no valor de R$ 5 milhões e deverá estar concluído em março de 2013.
Os dados serão recolhidos de todos os apenados e não por amostragem. O recolhimento será feito por biometria. O objetivo é construir um perfil do detento considerando os aspectos da família, trabalho, educação e saúde. As informações serão cruzadas com as disponíveis nos bancos de dados da Polícia Federal (PF) e do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB). “O censo vai dar a radiografia de que precisamos para criar políticas prisionais mais direcionadas para o nosso público”, explicou o gerente de Tecnologia da Informação da Seres, Frederico Haendel.
O sistema vai permitir, ainda, que o apenado seja acompanhado segundo seu processo na Justiça, o que ajudará a evitar equívocos como o de deixar preso alguém que já deveria estar solto. “Poderemos verificar o tempo de cumprimento da pena dele e se já é está na hora de progredir de regime ou de estar for a do presídio”, exemplificou Haendel. O Siap também abrange a aquisição de novos equipamentos de tecnologia, como catracas eletrônicas e novos computadores, e um sistema de reconhecimento avançado através da leitura da íris do preso, sem data para ser implantado.
Saiba mais
O sistema penitenciário de Pernambuco possui cerca de 25 mil reeducandos
712 mulheres é a população da Colônia Penal Feminina do Recife
Cerca de 800 visitantes já foram cadastrados na unidade
Cada detenta tem direito a receber 3 adultos por visita. O número de crianças é ilimitado