Quarenta presos morrem por mês nos presídios de São Paulo

Da Agência Fiquem Sabendo/Comunicação

No pavilhão D do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, no ABC paulista, um grupo de detentos grita: “PS! PS!” Essa é a expressão (uma referência à palavra pronto-socorro) usada por eles para avisar que algum preso precisa ser levado à enfermaria. Dois agentes penitenciários dirigem-se à cela de número 46. Nela, há 16 detentos em regime de observação (separados do restante dos presos do CDP por algum motivo de segurança). Dois deles estão desacordados.

Rebelião durou três dias e deixou três mortos. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
Em Pernambuco, uma rebelião no Complexo do Curado durou três dias e deixou três mortos, em janeiro deste ano. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Os agentes os algemam e os levam, em cadeiras de rodas, à enfermaria. Felipe dos Santos Lima, o Tripa, 18 anos, desempregado, e Paulo Ricardo Martins, o Paulinho, 19 anos, servente, não apresentam nenhum sinal de agressão. Um atendente atesta: eles estão mortos. São 14h46 do dia 30 de agosto de 2013.

Dois meses antes, Tripa e Paulinho participaram de um roubo a uma família de bolivianos, na Vila Bela, favela em São Mateus, zona leste, no qual o menino Brayan Yanarico Capcha, de cinco anos, foi morto com um tiro na cabeça. Outros dois suspeitos, que não chegaram a ser presos, foram achados mortos, dias depois. As mortes de Tripa e Paulinho não são um caso isolado.

Entre janeiro de 2014 e junho de 2015, 721 detentos morreram nos presídios paulistas. Isso representa uma média de 40 mortes a cada mês. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação). (Veja o detalhamento dessas informações no infográfico abaixo.)

De acordo com os dados disponibilizados pelo governo Geraldo Alckmin, 661 (92%) dos casos foram de morte natural. Foram registrados 21 (3%) homicídios e 39 (5%) suicídios.

Segundo a autoridade penitenciária estadual, do total de mortes naturais, 610 (85%) se deram em hospitais (fora das unidades prisionais) e 39 (8%) ocorreram nas celas onde os presos cumpriam pena ou aguardavam julgamento. Em junho deste ano, os presídios paulistas abrigavam 224.965 presos.

Ao menos 136 presos morrem por mês em todo o país

Entre janeiro e junho de 2014 (dado mais atualizado), o Ministério da Justiça divulgou, em seu relatório “Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias”, que “foram registradas 565 mortes nas unidades prisionais no primeiro semestre de 2014 (sem dados de São Paulo e do Rio de Janeiro)”.

Segundo o documento, parte da ausência desses números se deu porque “o Estado de São Paulo não respondeu ao presente levantamento”.

Somadas essas mortes com os 250 casos contabilizados no período nos presídios paulistas, pode-se afirmar que o país registrou, entre janeiro e junho de 2014, 815 detentos mortos (136 a cada mês, em média).

Questionada sobre o assunto, a Secretaria da Administração Penitenciária informou em nota que “os dados  estão à disposição na Secretaria da Administração Penitenciária para qualquer pessoa ou órgão interessado”.

O Estado impõe duas penas ao preso, diz jurista

Na avaliação do jurista e presidente do Instituto Avante Brasil – IAB (Instituto de Prevenção do Crime e da Violência), Luiz Flávio Gomes, o número de mortes de presos no Estado é alto e reflete uma política de Estado apoiada por “uma sociedade insegura, que não suporta o atual nível de violência”.

“É um genocídio estatal com amparo da sociedade. Isso prova que mandar um cara para a cadeia hoje não é só punir com a pena de prisão. Há também uma pena implícita. A pena implícita que o preso corre é a morte, ou pela Aids ou pelo assassinato”, afirma Gomes.

Para o jurista, os dados apontam ainda a suspeita de que quem comanda os presídios e tem o poder da força dentro deles é a facção criminosa PCC (Primeiro Comando Vermelho). “Talvez as mortes não sejam do Estado. É bem provável que elas sejam, em sua grande maioria, do próprio PCC.”

Segundo ele, o Estado omite-se em relação a essas. “O Estado não coloca seu poder de investigação, de laudos, de exame médicos. Não se coloca isso a serviço do bem estar geral, não cumpre seu papel. Ele é omisso.”

Detentos são uma população invisível, afirma integrante da ONU

Para a advogada brasileira Margarida Pressburguer, integrante do SPT (Subcomitê para Prevenção da Tortura), da ONU (Organização das Nações Unidas), os presos são uma população invisível e a maior parte da sociedade não se importa com o que se passa dentro dos presídios. “Hoje em dia, você está vendo a população enraivecida, querendo fazer justiça pelas próprias mãos. Então, quando você fala da população carcerária, é aquela velha resposta: ‘Mas não tem nenhum santinho lá dentro, deixa matar, deixa morrer, não vai fazer falta’.”

Mortes estão em queda, afirma secretaria

A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que as mortes nos presídios paulistas estão caindo e que a população prisional paulista tem atendimento de saúde garantido. Leia a íntegra do comunicado enviado pela pasta à reportagem:

Apesar do crescimento da população carcerária no Estado, o número de óbitos no sistema penitenciário paulista caiu na comparação ao primeiro semestre do ano passado. Nos primeiros seis meses de 2015 foram registradas 239 mortes ante 250 no mesmo período de 2014. Isso significa uma ocorrência (incluindo em sua grande maioria mortes naturais) para cada mil detentos.

A população prisional paulista tem atendimento de saúde garantido através das equipes de cada unidade. Em casos de maior complexidade, quando é necessário atendimento externo, este é feito através da rede do Sistema Único de Saúde, a que o preso tem direito como qualquer cidadão. Também são realizadas campanhas de vacinação e conscientização da população carcerária sobre cuidados com a saúde. Recentemente, a Pasta foi premiada no Fórum Estadual de Tuberculose no Estado de São Paulo. Também realiza campanhas periódicas com a realização de exames preventivos como a do câncer de mama, através do “Programa Mulheres de Peito” em parceria com a Secretaria de Saúde.

Não soubemos de mais nada, diz familiar de preso morto

Passados mais de dois anos da morte de Felipe dos Santos Lima, o Tripa, um dos presos encontrados mortos em uma cela do CDP de Santo André, familiares dele não querem conversar sobre o caso. Na casa onde ele morava (a menos de 50 metros do local da morte do menino Brayan), na Vila Bela, uma parente, que não quis ser identificada, diz que os pais dele se mudaram para o interior paulista logo após o crime.

Ela conta que a morte dele foi informada à família por meio de um telefonema feita por um funcionário do presídio. “De lá para cá, não soubemos de mais nada. Os pais dele não querem conversar sobre isso”, diz.

*Com colaboração da repórter Bianca Gomes de Carvalho

Corrupção sangra a Hemobrás

Do Diario de Pernambuco, por Aline Moura e Sávio Gabriel

A Operação Pulso, deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF), trouxe à tona uma organização criminosa que atuava dentro da Empresa Brasileira de Hemoderivados de Biotecnologia (Hemobrás). Além dos prejuízos financeiros, estimados inicialmente em R$ 30 milhões, as ilicitudes supostamente cometidas pelos cinco envolvidos nas investigações atingem diretamente a população que depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo informações da PF, cerca de R$ 9 milhões em plasma sanguíneo (matéria-prima para a elaboração de medicamentos) foram desperdiçados devido a mau armazenamento. As investigações indicam que parte do dinheiro desviado pode ter financiado campanhas políticas em Pernambuco no ano passado.

Caso foi detalhado pela PF. Foto: Savio Gabriel/DP/D.A Press  P
Caso foi detalhado pela PF. Foto: Savio Gabriel/DP/D.A Press

Entre os envolvidos estão o diretor-presidente da estatal, Rômulo Maciel Filho, o diretor de Produtos Estratégicos e Inovação, Mozart Sales, candidato a deputado federal em 2014 pelo PT, e Jorge Luiz Cavalcanti, funcionário da área de engenharia da Hemobrás. Eles foram alvo de mandado de condução coercitiva (quando são obrigados a prestar depoimento) e afastados por 90 dias das funções. A PF prendeu preventivamente os empresários Delmar e Juliana Siqueira Rodrigues. Os cinco foram indiciados por peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

No Recife, os agentes da PF foram ao apartamento de Rômulo, localizado no Cais de Santa Rita e conhecido como “torres gêmeas”. Enquanto parte da equipe subia à residência dele, maços de dinheiro foram arremessados de uma das janelas do prédio.  “O dinheiro foi resguardado. Será feito um exame datiloscópio para sabermos de onde saíram as cédulas”, esclareceu Carla Patrícia, delegada regional de combate ao crime organizado.

O delegado Wagner Menezes, coordenador da operação, destacou que a PF recebeu denúncias de que a diretoria da Hemobrás estava “comprometida com um certo grupo de empresários para direcionar licitações e permitir o desvio de recursos públicos mediante pagamento de propina”. Foram verificadas irregularidades em diversos contratos. “Um desses era para o armazenamento de plasma, cuja licitação foi vencida por uma empresa, a um custo de R$ 880 mil”, disse, acrescentando que a Hemobrás rescindiu o contrato, fez outra licitação e contratou o mesmo serviço a outra companhia por R$ 8,3 milhões. De acordo com o delegado, funcionários que trabalhavam no canteiro de obras e teriam percebido as irregularidades foram afastados pela diretoria da estatal.

O desperdício do plasma sanguíneo, segundo o delegado, deu-se porque a empresa contratada para tal finalidade não tinha experiência para armazenar o tipo de material. “O consórcio era contratado para fazer o transporte, apenas (…) Houve desperdício massivo de material que seria destinado ao SUS”, disse o delegado. Os medicamentos produzidos a partir do plasma seriam destinados a portadores de hemofilias, cirrose, câncer, Aids, e vítimas de queimaduras.

As investigações ainda apontam para campanhas eleitorais. “Relatório do COAF indica operações suspeitas, por parte de diretores e familiares deles, de transferência de valores, por meio de contas bancárias, destinados a assessores parlamentares ligados a políticos da região”, detalhou ele, informando que, a princípio, 12 pessoas ligadas a partidos políticos, campanhas eleitorais de 2014 e a políticos poderiam ter se beneficiado. “Os vínculos ainda estão sendo feitos. Todas as provas do inquérito serão compartilhadas com a Justiça Eleitoral, que vai naturalmente tomar sua posição”, disse Marcelo Diniz Cordeiro, superintendente regional da PF.

Detalhes da Operação Pulso

Os alvos:
Rômulo Maciel Filho – presidente da Hemobrás (mandado de condução coercitiva)
Mozart Sales – diretor de Produtos Estratégicos e Inovação (mandado de condução coercitiva)
Delmar Siqueira Rodrigues – empresário* (prisão temporária)
Juliana Siquera Rodrigues – empresária* (prisão temporária)
Jorge Luiz Batista Cavalcanti – servidor da área de engenharia da Hemobrás (mandado de condução coercitiva)

*Delmar e Juliana são sócios de uma das empresas envolvidas nas irregularidades apontadas pela Polícia Federal

Alguns crimes apontados pela investigação:
superfaturamento de R$ 6 milhões nas obras da Hemobrás, devido a um erro de projeto
sobrepreço de R$ 52 milhões no gerenciamento da obra
superfaturamento em um contrato para transporte de plasma, que passou de R$ 880 mil para mais de R$ 8 milhões

Os envolvidos responderão aos crimes de:
Peculato
Corrupção passiva
Fraude em licitação
Evasão de divisas
Lavagem de dinheiro
Formação de organização criminosa

12 anos de prisão é que, somadas, podem resultar a pena dos envolvidos pelas irregularidades

Rômulo Maciel Filho
O economista Rômulo Maciel Filho assumiu a presidência da Hemobrás em outubro de 2009, a primeira empresa estatal criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, o PT de Pernambuco, incluindo o ex-prefeito João Paulo e o ex-ministro Humberto Costa, contestou a indicação dele. Mas os petistas perderam a queda de braço para o ministro José Gomes Temporão, do PMDB, que havia trabalhado com Rômulo Filho na Fiocruz do Rio de Janeiro e o considerada de sua cota pessoal. O PT queria emplacar João Paulo Baccara no cargo, um médico hematologista ligado ao PMDB de Minas Gerais. Em outubro de 2013, Rômulo Maciel foi reconduzido ao cargo, com apoio do então ministro Alexandre Padilha (PT). Além da presidência, ele, novamente, acumulou a Diretoria de Desenvolvimento Industrial. Dessa vez, Rômulo não teve resistência dos pernambucanos.

Mozart Sales
Ex-vereador do Recife, Mozart Sales assumiu a direção de Produtos Estratégicos e Inovação da Hemobrás em março, após se destacar como coordenador do Programa Mais Médicos, do governo Dilma Rousseff. Era uma das apostas do partido para disputar a Prefeitura do Recife no próximo ano, especialmente num momento em que a legenda tem dificuldades de revelar novos quadros e passa pela sua maior crise. Mozart foi indicado para o cargo a partir de um acordo entre as lideranças do PT estadual. Em reunião na sede da sigla, entre os vários nomes colocados à mesa, venceu o de Mozart. Na Hemobrás, Mozart estava responsável pelas atividades de relacionamento com a hemorrede; pesquisa, produção e gestão do plasma.

Hemobrás
A Hemobrás é uma estatal vinculada ao Ministério da Saúde e foi criada para que o Brasil tivesse menos dependência externa no setor de derivados de sangue, com a produção de medicamentos essenciais a pessoas com hemofilia, cirrose, câncer, aids e portadores de imunodeficiência genética. O investimento previsto para este ano na estatal era de R$ 377 milhões, mas o governo federal só liberou R$ 200 milhões. Para custeio, o que inclui os medicamentos, a Hemobrás recebe R$ 767 milhões.

A missão oficial da estatal é pesquisar, desenvolver e produzir hemoderivados, medicamentos biotecnológicos, visando atender, prioritariamente, aos pacientes do Sistema Único de Saúde. A vinda da empresa para Pernambuco, em 2005, teve uma participação grande do então ministro Humberto Costa e do ex-presidente Lula.

Porte de Armas para guardas municipais – questão controversa

Por Fernando Capano*

Recentemente, uma Ação Declaratória de Constitucionalidade ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, colocou em discussão mais uma vez o porte de armas para guardas municipais. A ação questiona a validade do artigo 6º do Estatuto do Desarmamento que proíbe o porte de armas de fogo fora do expediente para integrantes das Guardas Municipais das capitais de Estados e de municípios com menos de 500 mil habitantes, permitindo-o apenas em serviço, aos guardas de cidades com mais de 50 mil e menos de 500 mil habitantes.

Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press
No Recife, guardas ainda não têm porte de armas. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

A Ação Declaratória de Constitucionalidade ajuizada por Janot aponta a situação controvertida em que se encontram os guardas municipais no Brasil, com relação ao porte de arma, em especial no que concerne ao uso fora de serviço.

No Estado de São Paulo, o Tribunal de Justiça tem entendido que o porte de armas particulares, fora de serviço regular, dos guardas é possível, entendendo ser discriminatório o tratamento a eles dispensado pelo artigo 6º do Estatuto do Desarmamento, em relação aos demais profissionais da Segurança.

Em outros Estados do País, os agentes municipais têm sido condenados por porte ilegal de arma de fogo fora do horário de serviço, sendo certo que eventuais habeas corpus interpostos visando garantir tal porte em situações não autorizadas pelo Estatuto, frequentemente são negados.

A questão do porte de arma pelas Guardas Municipais foi disciplinada, segundo se pode depreender da intenção do legislador infraconstitucional à época, de maneira diferente dos demais profissionais da Segurança, visando evitar, ao que parece, o risco de que se transformassem em ‘guardas pretorianas’ ou ‘exércitos particulares’ dos prefeitos quando fora de serviço, em especial nos pequenos municípios.

Atualmente, no entanto, com o fortalecimento das nossas instituições democráticas, considerando especialmente os órgãos correcionais das Guardas, bem como levando em conta a atuação do Ministério Público como agente de controle externo da atividade de Segurança, essa precaução do legislador, a nosso juízo, já não se faz mais necessária.

Num cenário em que o crime organizado segue em crescimento, os guardas tem realizado um trabalho fundamental, ainda que suas funções sejam, precipuamente, ligadas à tutela do patrimônio público. Assim, como temos visto, este mister enseja sim uma participação direta das Guardas no sistema de Segurança Pública estatal, em conjunto com as polícias federal, civil e militar.

Por este motivo, é legítimo que os servidores destes órgãos, pela natureza de sua atividade, utilizem armamento em serviço, como também fora do ambiente de trabalho, independente do número de habitantes do município em que trabalham.

Além disso, a partir do momento que o guarda municipal lida com a tutela do patrimônio público, com ações por vezes coercitivas, é natural que gerem descontentamento naqueles que tenham conflitos com estes profissionais, sendo este o ponto comum entre todos os profissionais de Segurança Pública, guardas aqui incluídos. Deste modo, não se pode ignorar o fato de que o porte de armas, fora de serviço também, é fundamental para o exercício deste tipo de profissão.

Outro fato inegável é que o nível de profissionalização das Guardas vem crescendo bastante nas últimas décadas, não fazendo sentido deixar de contar, na íntegra e de maneira mais aprofundada no nosso cotidiano, com a participação desses profissionais nas políticas públicas de Segurança.

A demanda ajuizada pelo Procurador Geral da República indica a busca de um posicionamento mais contundente do STF sobre a questão, sendo certo que, a nosso sentir, o TJ/SP tem agido corretamente ao permitir o porte de armas de maneira mais ampla por estas profissionais. As Guardas Municipais fazem sim parte, em homenagem ao espírito do artigo 144 de nossa Constituição, das forças de segurança à disposição do aparelho estatal, sendo certo que, à semelhança dos policiais, o Guarda desempenha sua função 24 horas por dia.

Não há dúvida de que a melhor opção é prestigiar os profissionais das Guardas, considerando-os efetivamente como reforço ao aparato público de segurança, em especial num momento em que o crime cresce exponencialmente nas grandes cidades do país.

Portanto, devemos aguardar o posicionamento do STF para que cessem as divergências entre os Tribunais dos Estados da Federação acerca da amplitude do porte de armas pelos guardas, torcendo para que o resultado do julgamento se converta em benefício para toda a sociedade.

*Fernando Capano é sócio do Capano, Passafaro Advogados Associados, membro efetivo da Comissão Estadual de Direito Militar da Ordem dos Advogados do Brasil seção São Paulo, professor universitário e milita tutelando os interesses de Associações e Sindicatos de Servidores Policiais.

Pausa para as férias. Até dezembro!

Oi, pessoal. Inicio hoje minha temporada de férias. Quero agradecer desde já a visita de todos ao blog e aproveito para dizer que ele só voltará a ser atualizado no dia 9 de dezembro. Até lá, estarei recarregando as baterias para voltar com ainda mais disposição. Até a volta, então.

Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Pres
Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Pres

Pernambuco diminui número de assassinato de mulheres

A culpa era sempre de Maria Rita Cruz, 48 anos. Toda frustração do marido resultava em violência física. Nas palavras do ex, a artesã, por ser negra, “não era gente”. Foram 14 anos de sofrimento, incluindo três tentativas de homicídio. “No início, ele era educado. Depois, começaram as humilhações.” Maria tentou denunciar várias vezes até alguém ouvir o socorro. Hoje, ajuda outras mulheres a sair desse ciclo de dor.

Maria Rita sofreu violência por 14 anos. Foto: Joao Velozo/ Esp. DP/ D. A Press
Maria Rita sofreu violência do marido por 14 anos. Foto: João Velozo/ Esp. DP/ D. A Press

Pernambuco reduziu em 15,6% os assassinatos de mulheres em uma década, passando de 5º para o 15º lugar na lista dos estados com mais assassinatos de mulheres no país. Em contrapartida, registrou aumento de 29,8% nos homicídios de negras no mesmo período, de 2003 a 2013. Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2015 – Homicídio de mulheres no Brasil, divulgado ontem, em Brasília.

Em nível nacional, houve crescimento de 21% nos homicídios de mulheres. O país tem uma taxa de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo. Enquanto os assassinatos de negrass cresceram 54%, os de brancas caíram 9,8%. O país registra uma média de 13 assassinatos de mulheres por dia. Um terço é cometido por companheiros.

A dor de Maria Rita só começou a ser amenizada quando ela chegou à delegacia toda marcada. “Foi quando tive apoio, me fortaleci e saí do ciclo. Recuperei a autoestima, botei a cara na rua, fui à luta e vi que sou uma negra linda, inteligente e nasci para vencer”, lembra ela, que ainda sofre com o medo do marido, condenado e foragido.

O primeiro lugar em assassinatos de mulheres no país atualmente é de Roraima, com 15,3 homicídios por cada 100 mil. Alagoas está em primeiro lugar no Nordeste e em quarto lugar no ranking nacional, com 8,3 homicídios a cada 100 mil mulheres.

Luzinete Ribeiro diz que hoje vive no paraíso. Foto: Hesiodo Goes/Esp. DP/D.A Pres
Luzinete Ribeiro diz que hoje vive no paraíso. Foto: Hesiodo Goes/Esp. DP/D.A Pres

No Nordeste, a situação é grave. Entre as capitais com taxas mais elevadas de assassinatos de mulheres em 2013 – 10 homicídios por 100 mil mulheres – três são da região: Maceió, João Pessoa e Fortaleza. A pesquisa também apresenta um recorte de idade das vítimas e local dos assassinatos. No Brasil, até os 10 anos, a incidência de assassinatos é baixa ou nula. Até o 19 anos, no entanto, há um crescimento e, a partir dessa idade, há tendência de lento declínio até a velhice. Também chama atenção o fato de 27,1% das vítimas serem mortas dentro de casa no país e 22,5% serem assassinadas pelos companheiros, o que aponta crime de feminicídio.

“Sofri violência desde que me casei. Meu marido me humilhava com frequência, me obrigava a fazer sexo e me chamava de vagabunda”, lembra a costureira Luzinete Ribeiro, 68 anos. Ela cansou de contar as vezes que foi arrastada pelo marido. O ciclo de violência durou 45 anos. “Procurei ajuda, recebi informação e hoje minha vida está no céu”, relata ela, cuja história faz parte do livro Reconstruindo vidas: mulheres que romperam a violência doméstica, organizado pela Prefeitura do Recife.

Para especialistas, situação ainda é grave

A redução na quantidade de homicídios contra mulheres em Pernambuco, para os especialistas, tem a ver com o fortalecimento da rede de atenção de apoio às vítimas no estado e à promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006. “Não existe outra explicação. A redução acontece por causa da aplicação de políticas de estado. Esse é o remédio”, pontua Julio Jacobo Waiselfisz, pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), responsável pelo trabalho.

Na avaliação da secretária estadual da Mulher, Sílvia Cordeiro, o número de homicídios de mulheres no estado vem caindo desde 2007 em virtude da estruturação do plano de segurança em Pernambuco, o Pacto pela Vida, aliado à rede de políticas públicas específicas. “Temos 43 centros de referência, que são responsabilidade dos municípios, além de abrigamento para mulheres em risco de morte, que atendem 70 mulheres por mês.”

Integrantes de movimentos sociais ressaltam, porém, que ainda falta muito para comemorar. “Somos de um estado pioneiro na luta do feminismo, então deveríamos estar em um patamar melhor. Os esforços têm dado resultado, mas não há motivo para bater palmas”, pondera a conselheira estadual da mulher e membro da coordenação colegiada do Centro das Mulheres do Cabo, Izabel Santos.

Segundo ela, as pautas destinadas à mulher vêm perdendo investimento. Um exemplo são as delegacias da mulher do Cabo e de Vitória de Santo Antão, que perderam as titulares para outros setores. “Hoje há um aparato, a Lei Maria da Penha é do conhecimento da sociedade, mas falta investimento nas camadas populares, onde estão as mulheres negras e pobres. É onde não chega formação e informação.”

Explosões, buracos e fugas. A crise no sistema prisional do estado

Do Diario de Pernambuco, por Paulo Trigueiro

Um fim de semana de explosões, buracos e fugas em unidades distintas do sistema prisional de Pernambuco terminou com um protesto realizado por parentes de presos do Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). Pela manhã, uma explosão havia aberto um buraco de 70 cm em um muro da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá. No sábado, dois detentos fugiram do Complexo do Curado utilizando uma corda artesanal, levando o governador Paulo Câmara a exigir uma investigação sobre possível facilitação de fugas por parte dos agentes penitenciários.

Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Houve confusão no Cotel nesse domingo. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Desde que um detento – que deveria ter sido solto há oito dias – foi assassinado a facadas no pavilhão C, no último dia 1, a instabilidade no Cotel aumentou, resultando na exoneração do diretor, Josafá Reis, há três dias. Alertadas pelos maridos de que uma rebelião poderia acontecer por causa de uma suposta briga entre os pavilhões, as mães e mulheres dos presos ficaram desesperadas quando agentes do choque entraram na unidade para realizar o que Secretaria de Ressocialização classificou como “ação de segurança de rotina”. A Avenida Rinaldo Pinho Alves foi interditada e a manifestação foi dispersada por disparos de balas de borracha. O caos só foi encerrado quando o diretor interino – o agente penitenciário Rubson Vasconcelos – chamou mães para visitar os três pavilhões do Cotel e atestar que a unidade estava sob controle.

O buraco no muro da Penitenciária Barreto Campelo é o 18º encontrado desde maio pela Seres nas unidades prisionais pernambucanas – e o órgão só vai informar hoje se houve fugas. As visitas continuaram a ocorrer normalmente para “evitar desordem”. Há um mês, três pessoas fugiram da unidade por um buraco cavado de fora para dentro no muro. Em julho, um detento armado tentou escapar e foi atingido durante troca de tiros. As armas, cordas artesanais, facões, celulares e ferramentas são objetos comumente encontrados nas vistorias.

No Presídio Frei Damião de Bozzano, um buraco foi encontrado no muro, em agosto, mas os túneis foram o meio mais usado pelos detentos para tentar fugir. Onze foram descobertos desde julho. Recentemente, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, afirmou que as passagens eram cavadas porque a Seres tinha colocado alambrados nos presídios, impedindo as fugas com cordas artesanais feitas com lençóis, as chamadas “teresas”. A tese caiu por terra com as fugas do sábado. Ninguém foi recapturado.

O governador convocou reunião de emergência com secretariado, exigiu apuração em relação à suposta facilitação de fugas e determinou a adoção de medidas para a melhoria da infraestutura do Complexo do Curado e da Barreto Campelo, que, juntas, têm 15 tentativas e fugas desde julho.

Ciclo Completo de Polícia provoca mal-estar entre polícias

Não é de hoje que o Ciclo Completo de Polícia, incluso na Proposta de Emenda Constitucional (PEC 431), tem causado estranhamento entre policiais civis e militares. Pelas bandas de cá, os reflexos são notados até nas reuniões do Pacto pela Vida, onde oficiais da Polícia Militar e delegados da Polícia Civil têm batido de frente.

Foto: Ivan Melo/Esp.DP/D.A.Press
PMs teriam mais poder com a aprovação. Foto: Ivan Melo/Esp.DP/D.A.Press

A proposta do Ciclo Completo de Polícia prevê que os PMs realizem investigações de crimes de menor potencial ofensivo e sejam responsáveis por fazer Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs). Por exemplo, os PMs teriam poder de prender e decidir se os suspeitos detidos por eles são realmente culpados. Nesse caso, os presos seriam ouvidos pelos militares num local conveniente para as partes ou no próprio local dos fatos.

Audiência reuniu centenas de pessoas. Foto: Ivaldo Reges/Agencia IR Fotos
Audiência reuniu centenas de pessoas. Foto: Ivaldo Reges/Agencia IR Fotos

Oficiais da PM estão ansiosos para que a proposta seja aprovada. Já os delegados da Polícia Civil não veem a aprovação do Ciclo Completo com bons olhos. De tão polêmica, a proposta já rendeu até audiência pública com a presença de políticos e diversos atores da segurança pública no Recife. Alguns deputados dizem que o trabalho investigativo da PM seria um benefício para a população, pois as viaturas não passariam tanto tempo paradas nas delegacias enquanto o caso estivesse sendo analisado pela Polícia Civil.

Outros parlamentares alegam que a qualidade dos inquéritos e processos originados dos TCOs feitos por PMs ficaria comprometida devido à falta de experiência dos militares. Enquanto a PEC 431 não chega ao Congresso, haja confusão.

Contas bancárias zeradas em golpe do cartão clonado

Aposentados e pensionistas que recebem seus benefícios na agência da Caixa Econômica Federal (CEF) do bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, levaram um susto quando foram sacar o benefício na última terça-feira. Depois de procurarem os terminais eletrônicos para verificar os saldos das suas contas, os beneficiários ficaram sabendo que os valores depositados já haviam sido sacados.

Agência fica em Casa Amarela. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Agência fica em Casa Amarela. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Um grupo de aposentados e pensionistas procurou a Delegacia de Casa Amarela para registrar uma queixa do golpe que sofreram. Segundo o delegado Paulo Berenguer, pelo menos 25 Boletins de Ocorrência foram enviados para a Polícia Federal, que está investigando o caso.

“As pessoas procuraram a delegacia e registraram as queixas, mas como é de competência da Polícia Federal, tudo já foi repassado para que eles apurem o crime”, ressaltou Berenguer. Uma pensionista de 40 anos foi uma das vítimas do crime. Ela conta que alguns vizinhos seus também foram lesados. “Fui receber meu pagamento no dia 3 e, quando tentei fazer o saque, veio o aviso de saldo insuficiente. Tirei o saldo e o valor do meu salário não estava mais na minha conta. Ainda tentei sacar numa casa lotérica, mas também não deu certo”, detalha a pensionista que pediu reserva no nome. O crime somente foi descoberto quando a vítima procurou a agência onde deu entrada no seu benefício e soube que o seu cartão havia sido clonado.

“Não fui a única prejudicada. Muita gente teve o mesmo problema. As pessoas ficaram sem dinheiro para pagar as contas. O banco prometeu que no dia 10 iria fazer um novo depósito no mesmo valor do que nos foi furtado”, contou a vítima. Segundo o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro, os agentes federais já iniciaram as investigações, mas os detalhes ainda não poderiam ser repassados para não atrapalhar os trabalhos. Apesar de ainda não haver confirmação do valor furtado e de como os cartões foram clonados, uma das vítimas disse que mais de R$ 150 mil teriam sido desviados da agência bancária que fica na Rua Padre Lemos.

Por meio de nota, a Caixa Econômica Federal informou que nenhum cliente será prejudicado. “A orientação é procurar a agência responsável pelo pagamento do benefício do INSS para que sejam tomadas as providências. A Caixa esclarece também que informações sobre eventos dessa natureza são repassadas exclusivamente às autoridades policiais e está colaborando com as investigações”, diz a nota.

Câmeras do Golden Beach não registraram briga e mortes

As câmeras do circuito interno de segurança do Hotel Golden Beach, localizado na Avenida Bernardo Vieira de Melo, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, não registraram a briga e as duas mortes ocorridas nas dependências do local no último dia 25. Os responsáveis pelo estabelecimento informaram ao delegado Guilherme Caraciolo, responsável pelas investigações, que os equipamentos não estavam funcionando. Com isso, fica um pouco mais complicada a investigação.

Crimes aconteceram no Golden Beach. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Crimes aconteceram no Golden Beach. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Na ocasião, a técnica de enfermagem Juliana Saboia Ferreira da Silva, 28 anos, atirou nas costas de Pamela Ferreira Oliveira, 25, dentro do quarto do policial civil Fábio Rogério Serafim Pereira, 38, com o qual havia terminado um relacionamento 15 dias antes. Em seguida, Juliana foi baleada e morta por um policial militar do 6º Batalhão que havia sido chamado junto com mais três militares pelo policial civil para controlar a discussão entre as duas mulheres. Juliana teria ficado irritada ao chegar no hotel e encontrar o ex-companheiro com Pamela.

O policial civil lotado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o policial militar já foram ouvidos pelo delegado Guilherme Caraciolo. A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) também está investigando o caso para saber se a conduta do PM foi correta ou não. Os militares alegaram que houve o disparo contra Juliana porque ela estava com uma pistola na mão e apontando para os policiais.

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Justiça determina que SDS e PCPE coloquem titular na Delegacia de Custódia

A Justiça acolheu os pedidos do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) em ação civil pública e concedeu liminar determinando ao secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, e ao chefe geral da Polícia Civil de Pernambuco, Antônio Barros, que providenciem a lotação ou designação de um delegado de polícia para assumir a Delegacia de Custódia, no prazo de 15 dias. A decisão foi publicada no site do MPPE no último dia 29 de outubro.

Foto: Hesiodo Goes/Esp. DP/D.A Press
Decisão cita o secretário Alessandro Carvalho e o chefe da PCPE, Antônio Barros. Foto: Hesiodo Goes/Esp. DP/D.A Press

Ainda segundo a decisão judicial, os gestores devem empregar todos os meios necessários para garantir a continuidade do serviço público de segurança em Custódia; informar, no prazo de 60 dias, a relação dos inquéritos policiais instaurados pela Delegacia de Custódia e discriminar há quanto tempo aguardam conclusão devido à falta de delegado; e providenciar, também em 60 dias, a conclusão de todos os procedimentos policiais referentes a crimes cometidos em Custódia e que foram direcionados à Delegacia Regional de Arcoverde, devendo os autos ser remetidos ao novo delegado designado para Custódia.

De acordo com o promotor de Justiça Júlio César Elihimas, que ingressou com a ação civil pública, a falta de delegado de Polícia em Custódia causou a paralisação de diversos serviços essenciais à população, como a conclusão de inquéritos policiais, a confecção de Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) e até a lavratura de autos de prisão em flagrante. Nesse último caso, os indivíduos presos em flagrante têm que ser conduzidos de Custódia até a cidade de Arcoverde, a cerca de 80 quilômetros de distância.

Em resposta enviada à Justiça, o Estado de Pernambuco afirmou que a deficiência de pessoal na Polícia Civil era coberta por meio do Programa Jornada Extra de Segurança (PJES), que perdeu a adesão de boa parte dos delegados. Em razão disso, a chefia da Polícia Civil teria adotado medidas de redimensionamento operacional. Segundo o texto da decisão judicial, o Estado alegou que “o atendimento do pleito ministerial acarretaria desperdício de material humano, estrutural e financeiro, pois somente poderia ser alcançado através do aumento do efetivo da Polícia Civil”.

Porém, conforme sustentou o juiz substituto da Vara Única de Custódia, Paulo Rodrigo de Oliveira Maia, os problemas gerados pela insuficiência de efetivo da Polícia Civil demonstram “inabilidade dos gestores da área de segurança pública”. O magistrado destacou que o Estado não apresentou, no decorrer do processo, elementos de prova para demonstrar a inviabilidade de se designar um delegado para atuar em Custódia. O magistrado determinou ainda multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento da medida liminar.

Do Ministério Público de Pernambuco