Agentes socioeducativos expõem mazelas da Funase em audiência

É com um salário de R$ 910 por mês que os Agentes Socioeducativos (Ase) que trabalham nas unidades da Fundação da Atendimento Socioeducativo (Funase) são obrigados a passar o mês. Durante a audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira, uma Ase mostrou o contra-cheque dos servidores e relatou outros vários problemas enfrentados pela categoria. Todos os agentes que falaram durante a audiência relataram que não são feitos investimentos para a capacitação dos profissionais e que a estrutura de todas as unidades é muito precária.

Deputados e representantes da Funase ouviram os agentes. Foto: Wagner Oliveira/DP/D. A Press
Deputados e membros da Funase ouviram os agentes. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

A audiência foi proposta pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para debater as ações desenvolvidas em defesa da criança e do adolescente em decorrência de medidas privativas de liberdade da Funase. Ainda durante o encontro, os Ases contaram que estão expostos a doenças contagiosas, ameaças e que não recebem gratificação por risco de vida.

Presidente da Comissão de Cidadania, o deputado Betinho Gomes (PSDB) destacou que a presença do secretário da Criança e da Juventude, Pedro Eurico, foi de fundamental importância para externar as ações que estão sendo desenvolvidas desde a sua posse.

“Foi uma oportunidade para os deputados fazerem suas cobranças em relação às melhorias que estão sendo implantadas na Funase, pois, até agora, apesar do esforço que vem sendo feito pela Secretaria, a verdade é que o sistema ainda enfrenta graves problemas como fugas e condições precárias de funcionamento, por exemplo”, argumentou o presidente do colegiado.

Peritos do caso Sérgio Falcão na mira do MPPE

Por Raphael Guerra
Do Diario de Pernambuco

A perícia pernambucana mais uma vez se vê encurralada diante de questionamentos sobre o trabalho desenvolvido por seus profissionais e pela demora excessiva no cumprimento dos prazos de entrega dos laudos, o que acaba causando prejuízos ao inquérito policial. A morte do empresário da construção civil Sérgio Falcão, 52, em Boa Viagem, que completou nove meses ontem, virou mais um caso emblemático. Faz 68 dias que o promotor de Justiça André Rabelo aguarda respostas de 17 dúvidas enviadas ao Instituto de Criminalística (IC). O laudo apontou suicídio como causa da morte da vítima. Rabelo afirmou que pode responsabilizar criminalmente os peritos, se entender que houve protelação para divulgação dos resultados exigidos por ele.

Após a simulação, no apartamento do empresário, na Avenida Boa Viagem, o laudo apontou suicídio (BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS)

O inquérito aguarda apenas essas respostas para ser concluído. “O IC está retardando o que tem obrigação de fazer. O requisitório enviado pelo Ministério Público precisa ser respondido, pois é uma exigência. Se observar que os profissionais estão se omitindo a cumprí-lo, eles serão responsabilizados”, disse o promotor, que resolveu quebrar o silêncio ontem, após a TV Clube exibir, com exclusividade, uma reportagem em que o perito George Sanguinetti analisa o material colhido pela perícia pernambucana e contesta a versão de suicídio. Para ele, as provas apontam para um assassinato. O perito, que vive em Alagoas, é famoso por investigar casos como a morte de PC Farias e de Isabela Nardoni.

Rabelo disse que, diante do que analisou até agora, Sérgio não pegou na arma que tirou a sua vida. Uma lesão na testa e outra na na região esquerda da cabeça, além de marcas no chão, apontariam para uma luta corporal entre vítima e suposto assassino, o PM reformado Jailson Melo, que trabalhava como segurança dela. “Nem exame residuográfico nas mãos do suspeito foi feito pela perícia. Os peritos deram um tiro no pé. Se comprovar que houve obstrução de provas, posso denunciá-los à Justiça. Não há justificativa para a demora dos resultados dos questionamentos. Isso acontece porque eles não têm as respostas”, completou o promotor, que, assim como a polícia, crê em assassinato a mando de outras pessoas.

Silêncio
A delegada Vilaneida Aguiar, responsável pelo inquérito da morte do empresário, preferiu manter o silêncio sobre a polêmica. Mas, nos bastidores, ela também não esconde a insatisfação pelos resultados do laudo assinado pelos peritos criminais Sérgio Almeida e Jairo Lemos. Ambos estão proibidos de se pronunciar. Nem mesmo diante das críticas, a direção do IC quis falar.