Não é de hoje que alguns integrantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e da Polícia Civil pernambucana não estão se dando muito bem. O que deveria ser um trabalho de parceria com a finalidade única de esclarecer os crimes cometidos no estado e encaminhar para a Justiça decidir o destino dos seus acusados está se transformando numa grande guerra.
Exemplos de divergências entre as duas instituições não faltam. Podemos citar aqui a conhecida disputa que houve a partir do ano de 2003 com o então chefe da PC, o delegado Aníbal Moura, e o promotor de Ipojuca da época, Miguel Sales, diante das investigações das mortes das adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão. O inquérito foi devolvido cinco vezes. Outro exemplo foi a polêmica gerada sobre o caso do empresário Sérgio Falcão, e por aí tantos outros que não chegam ao conhecimento da mídia.
A mais recente rixa está formada agora frente ao caso Thiago Faria Soares, o promotor de Justiça assassinado no dia 14 de outubro do ano passado. Até agora, a PC não concluiu o inquérito e pode ser que nem termine. Isso porque o grupo de promotores que estava acompanhando os trabalhos achou que os resultados não eram satisfatórios e resolveu pedir a entrada da Polícia Federal na investigação. A resposta ainda não foi dada pelo Ministério da Justiça.
Diante das divergências, foi proposto pela PC que deixassem os delegados do caso trabalharem sozinhos durante 30 dias, o que não foi aceito pelos promotores. Resultado: mais de cinco meses após o assassinato, o caso segue parado. Literalmente, parado. Isso porque os promotores estão com os volumes do inquérito. A PC que havia recebido todos os laudos do caso os remeteram à Justiça, informando da impossibilidade de continuar a investigação sem ter acesso ao inquérito.
Enquanto isso, os responsáveis pela morte do promotor devem estar rindo das autoridades de segurança pública de Pernambuco. E a população, que acompanha esses casos por meio da imprensa, fica cada vez mais descrente de justiça.