Caso Artur Eugênio: trama esclarecida pela polícia

Depois de dois meses e 17 dias da morte do cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo, 36 anos, a Polícia Civil de Pernambuco apresentou a conclusão do inquérito que apurou o crime. Cinco pessoas foram indiciadas pelo assassinato frio e covarde que causou grande revolta na sociedade, sobretudo na classe médica. Artur, segundo a polícia, foi morto a mando do também médico Cláudio Amaro Gomes, 57.

Caso foi apresentado na sede da Polícia Civil. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Caso foi apresentado na sede da Polícia Civil. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

De acordo com o delegado Guilherme Caraciolo, responsável pelas investigações, motivado por inveja e perda de espaço profissional o renomado médico Cláudio Amaro Gomes pediu ao seu filho Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, que contratasse duas pessoas para matar Artur. “Ele estava disposto a destruir a carreira de Artur, como não estava conseguindo resolveu partir para a execução da vítima”, disse o delegado durante a apresentação do caso.

Delegado Guilherme Caraciolo falou sobre as investigações
Delegado Guilherme Caraciolo falou sobre as investigações

Além do médico Cláudio Amaro Gomes e do filho dele, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, apontados como mandantes, outras três pessoas foram indiciadas pelo assassinato do médico Artur Eugênio. São eles: Lyferson Barboza da Silva, 26, Flávio Braz de Souza, 32, e Jailson Duarte Cesar, 29. Segundo a polícia, Flávio atirou em Artur e Jailson apresentou Lyferson e Flávio a Cláudio Amaro Júnior. O Valor acertado para e execução da vítima pode ter chegado até a R$ 100 mil.

Perito do IITB Sidney Bezerra explicou como encontrou digitais de um suspeito
Perito do IITB Sidney Bezerra explicou como encontrou digitais de um suspeito

Apenas os dois últimos suspeitos (Flávio e Jailson) continuam em liberdade, mas já tiveram o pedido de prisão preventiva solicitado à Justiça, assim como os outros envolvidos. Os suspeitos foram enquadrados nos crimes de sequestro, homicídio, roubo, associação criminosa, estelionato e comunicação falsa de crime. Os outros três seguem presos no Centro de Triagem, em Abreu e Lima.

Como havia sido antecipado pelo blog e pelo Diario de Pernambuco, uma perícia papiloscópica feita numa garrafa encontrada perto do carro do médico encontrou as digitais de Cláudio Amaro Júnior no objeto, o que o coloca no local onde o veículo de Artur foi incendiado, no bairro da Guabiraba.

Leia mais sobre o caso no site do Diariodepernambuco.com.br e na edição impressa do Diario de Pernambuco desta quarta-feira

Polícia busca agora último suspeito da morte do médico Artur Eugênio

Um dos homens suspeitos de ser o executor do assassinato do médico Artur Eugênio Azevedo, 36 anos, foi preso. Lyferson Barboza da Silva, 26, conhecido da polícia por integrar quadrilhas especializadas em assaltos a bancos, foi encaminhado ao Cotel, em Abreu e Lima, em cumprimento de mandado expedido pela Justiça.

Lyferson já era investigado por participação na tentativa de assalto a um carro-forte no Shopping Guararapes, em Jaboatão, no dia 2 de junho, que resultou na morte de uma idosa de 90 anos. A análise pericial de impressões digitais teria confirmado os dois crimes. Um segundo suspeito de executar Artur está sendo procurado. A polícia já teria a identidade dele.

O médico Cláudio Amaro Gomes, 57, e o filho dele, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, seguem presos no Cotel. Eles foram detidos um dia após o crime no shopping. Ambos são apontados como mandantes da morte de Artur, assassinado em 12 de maio.

Uma das motivações seria desavenças profissionais entre os dois profissionais de saúde. O delegado Guilherme Caraciolo informou que só irá se pronunciar oficialmente sobre o caso quando concluir o inquérito policial.

Justiça mantém prisão de suspeitos de matar médico Artur Azevedo

A juíza Gisele Vieira de Resende, que está substituindo a juíza Inês Maria de Albuquerque, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes, manteve a prisão dos suspeitos da morte do médico Artur Eugênio Azevedo, 36 anos. O pedido foi feito pelo delegado Guilherme Caraciolo, que está à frente das investigações.

Médico está detido no Cotel. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Médico está detido no Cotel. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O médico Cláudio Amaro Gomes, 57, e o filho o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, estavam presos por 30 dias, mas a polícia pediu a prorrogação por mais 30 dias, o que foi acatado pela Justiça. Enquanto isso, pai e filho seguem presos no Centro de Triagem, em Abreu e Lima, no Grande Recife.

Filho do médico participou diretamente do crime. Foto: Guilherme Verissimo/Esp.DP/D.A Press
Filho do médico participou diretamente do crime. Foto: Guilherme Verissimo/Esp.DP/D.A Press

O delegado segue com as investigações por mais 30 dias. Ele espera identificar e prender os dois executores do crime. Pai e filho estão presos desde o dia 3 de junho. A defesa do médico tentou por duas vezes pedir sua liberdade, mas a Justiça negou.

Delegado Guilherme Caraciolo está à frente do caso. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Delegado Guilherme Caraciolo está à frente do caso. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Artur Eugênio era casado e deixou um filho pequeno. Ele foi arrastado por dois homens na entrada do prédio onde morava, na Rua dos Navegantes, em Boa Viagem, depois de largar do plantão no Real Hospital Português (RHP). Uma dupla em um carro interceptou o Golf preto que pertencia ao médico, de placas OYS-1564, e dois homens, um deles armado, entraram no veículo.

Médico tinha 36 anos, era casado e deixou um filho pequeno. Foto: Arquivo Pessoal
Médico tinha 36 anos, era casado e deixou um filho pequeno. Foto: Arquivo Pessoal

Na sequência, o carro saiu em alta velocidade com os suspeitos e a vítima. As câmeras de monitoramento do prédio registraram a ação. Ele foi encontrado morto na noite da segunda-feira, dia 12 de maio, às margens da BR-101, em Jaboatão dos Guararapes. O carro foi localizado um dia depois, no dia 13, carbonizado, no bairro da Guabiraba, Recife.

Juíza nega pedido de revogação da prisão do médico Cláudio Gomes

A segunda tentativa da defesa de tirar o médico Cláudio Amaro Gomes, 57 anos, da prisão também não teve resultado posivito. Ontem, a juíza Inês Maria de Albuquerque, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes, negou o pedido de revogação da prisão temporária do suspeito.

Médico está detido no Cotel. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Médico está detido no Cotel. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Segundo a polícia, o médico é suspeito da morte do cirurgião Artur Eugênio de Azevedo Pereira, morto no último dia 13 de maio. Cláudio Amaro e o seu filho, Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, também suspeito de ter participado do crime, estão presos desde o dia 3 de junho no Centro de Triagem (Cotel), Abreu e Lima.

No início da semana, o pedido de habeas corpus para o médico já havia sido negado pelo desembargador Marco Maggi, da 4ª Câmara Criminal. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a revogação indeferida da juíza foi baseada na decisão de Maggi.

Leia mais sobre o caso em:

Médico apontado como mentor do assassinato de cirurgião diz em carta que é inocente

Confira entrevista com a viúva do médico Artur Eugênio

Médico apontado como mentor do assassinato de cirurgião diz em carta que é inocente

Preso desde a última terça-feira, o médico Cláudio Amaro Gomes escreveu uma carta que está sendo repassada pelos seus advogados na qual o cirurgião afirma estar sendo injustiçado com a acusação de ter mandado matar o também médico Artur Eugênio.

Médico está detido no Cotel. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Médico está detido no Cotel. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Confira a carta

Aos meus familiares, amigos e colegas de profissão:

Escrevo-lhes estas breves mas sinceras palavras para confortá-los nesse triste momento de nossas vidas. Quero lhes dizer que, apesar de tudo e de todos, das mentiras e especulações, do linchamento público a que venho sendo injustamente submetido, tenho procurado reunir forças para me manter firme. Peço-lhes que façam o mesmo.

Afinal, devemos todos confiar na Justiça, ainda que isso não pareça ser o verdadeiro propósito daqueles que me acusam, e simplesmente acusam, sem provas.

A humilhação dessa injusta prisão, a desonra de uma absurda e inventiva acusação, haverão de ter fim. Cedo ou tarde. E para isso não medirei esforços. E sei que farão o mesmo.

Somente os que estão realmente comprometidos com a verdade e conhecem profundamente minha história pessoal e trajetória profissional sabem o quanto seria incapaz de praticar ato tão vil como esse de que me acusam, e que vai de encontro a todos os meus princípios e convicções e a tudo que realizei durante meus 57 anos.

Fiz um juramento de salvar vidas. Jamais, de tirá-las! E é com esse espírito, de salvar vidas, que tenho procurado me conduzir ao longo de décadas dedicadas ao fazer bem às pessoas.

O que não parece correto nem sensato aceitar é que desentendimentos profissionais, absolutamente normais entre aqueles que atuam com o peso da responsabilidade de salvar o próximo, possam ser considerados, como têm sido à falta de provas, motivo para o cometimento de um crime tão bárbaro. Isso não faz o menor sentido, definitivamente.

Preciso dizer que ninguém, ninguém!, deseja mais do que eu que os fatos sejam apurados e os reais responsáveis sejam encontrados e exemplarmente punidos, como impõe a lei. E como todos esperam que aconteça.

Prova disso é que, mesmo jamais tendo sido anteriormente procurado por qualquer autoridade, desde o primeiro instante me coloquei à disposição da Justiça. Inclusive, todos vocês sabem, no momento em que essas descabidas acusações vieram a público me encontrava fora do país, participando de evento médico.

Por obrigação moral não hesitei em retornar ao Brasil, onde, mesmo submetido a um processo de degradação e humilhação públicas, procurei exercer minhas funções e minha rotina diária até ser surpreendido com uma ordem de prisão.

Finalizo dizendo que não compactuo, como todos certamente não compactuam, com a forma como essas investigações vêm sendo conduzidas ao sabor da pressão midiática. Infelizmente, a única preocupação daqueles que conduzem essas investigações é simplesmente encontrar “culpados”, em vez de descobrir “provas” que demonstrem essa culpa.

“A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos”. (Montesquieu).

Cláudio Amaro Gomes

A Polícia Civil de Pernambuco informou que o Ministério Público de Pernambuco e o Poder Judiciário estão acompanhando toda a investigação e que a polícia tem provas “robustas” contra os suspeitos. A PCPE disse ainda que uma prova de que a investigação está no caminho certo foi a negativa do pedido de habeas corpus do médico Cláudio Gomes.

Confira entrevista com a viúva do médico Artur Eugênio

A viúva do cirurgião Artur Eugênio falou com a imprensa sobre o assassinato do marido e contou que o médico pretendia processar Cláudio Gomes por assédio moral. Carla Azevedo concedeu entrevista acompanhada dos advogados Ademar Rigueira e Daniel Lima. Veja o que ela revelou:

Quando começaram as divergências entre seu marido e o doutor Cláudio Gomes?
Desde o tempo em que Artur estava fazendo o estágio probatório do Hospital das Clínicas e doutor Cláudio era o chefe direto dele. Além disso, havia divergências na rede particular. Devido a esses problemas, Artur preferiu deixar a equipe dele e trabalhar com outros profissionais.

Artur contou se havia recebido alguma ameaça por parte dos suspeitos apontados pela polícia?
Nunca soube de ameaças recebidas por Artur. E o filho de doutor Cláudio, pelo que eu sei, não teria motivos para querer matar o meu marido. Não vejo outra razão para o crime a não ser a que está sendo apontada pela polícia. Artur estava se destacando na área e iria assumir a presidência de uma câmara técnica que seria criada pelo Cremepe. Participou de uma reunião uma semana antes de ser assassinado.

Seu marido chegou a fazer alguma denúncia contra doutor Cláudio?
O que existiu foi um inquérito administrativo aberto porque doutor Cláudio reprovou Artur no término do estágio. Ele disse que o desempenho de Artur era péssimo, diferentemente da posição de todos os outros médicos em relação à postura de Artur. Por conta disso, Artur pretendia entrar na Justiça com um processo por assédio moral contra ele.

Diante do rumo das investigações e das ameaças de morte que algumas testemunhas sofreram, você teme pela sua vida?
Eu nunca recebi nenhuma ameaça, mas estou assustada. Eu perdi o medo de morrer. Não consigo imaginar o que tem na cabeça dessas pessoas. Então, isso me causa medo. Tenho medo de algum outro mal para o meu filho.

Unidos por Artur fazem caminhada para cobrar justiça pela morte do médico

Hoje, o grupo Unidos por Artur, criado por amigos e familiares do médico assassinado, fará uma caminhada pela paz. O encontro está previsto para acontecer às 16h, na Praça Miguel de Cervantes no bairro da Ilha do Leite. Eles pedirão justiça para o caso. Enquanto isso, a Polícia Civil segue trabalhando para esclarecer toda a trama e prender todos os suspeitos do crime.

Médico tinha 36 anos, era casado e deixou um filho pequeno. Foto: Arquivo Pessoal
Médico tinha 36 anos, era casado e deixou um filho pequeno. Foto: Arquivo Pessoal

Ameaças a testemunhas, circulação de informações sobre possíveis motivações do crime nas redes sociais e risco de fuga dos suspeitos estão entre os fatores que levaram a polícia a pedir as prisões do médico Cláudio Amaro Gomes, 57 anos, e do filho dele, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32. Eles teriam tramado a morte do médico Artur Eugênio de Azevedo, 36, assassinado no dia 12. De acordo com a polícia, Cláudio Amaro (pai) estava de viagem marcada aos Estados Unidos.

Pai e filho, que estão presos em celas diferentes no Cotel, se negaram a prestar depoimento ontem ao  delegado Guilherme Caraciolo. O investigador afirma ter provas materiais contra ambos. Além dos dois outros homens que são procurados por participação no assassinato, a polícia admitiu que pode haver uma quinta pessoa envolvida no crime.

Delegado Guilherme Caraciolo está à frente do caso. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Equipe do delegado Guilherme Caraciolo está toda empenhada na solução desse assassinato. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Segundo fontes da Polícia Civil, além das ameaças de morte que várias pessoas receberam para não repassar informações sobre as divergências entre Cláudio e Artur, a viagem do médico aos EUA (para participar de um congresso) foi interpretada pela polícia como possibilidade de fuga.

Contra Cláudio Júnior constam as impressões digitais dele no local onde o carro da vítima foi queimado e as imagens que comprovam que ele seguiu Artur da saída do hospital até o prédio onde o médico morava, em Boa Viagem. “Não realizamos diligências hoje (ontem) mas estamos investigando o envolvimento de um quinto suspeito”, acrescentou Caraciolo.

Os pedidos de revogação das prisões temporárias foram entregues à Justiça ontem e devem ser analisados hoje. “O que meu pai mais quer agora é chegar em casa e voltar a trabalhar”, afirmou Daniel Gomes, que também é advogado.

Para que a juíza Maria Inês de Albuquerque analise os pedidos de liberdade, os quatro volumes do inquérito precisam ser remetidos pela polícia à 1ª Vara Criminal de Jaboatão. Ontem, o advogado Daniel Lima, que representa a família de Artur, também analisou o inquérito.

Testemunhas do caso Artur Eugênio foram ameaçadas de morte

Testemunhas das supostas divergências entre o médico Cláudio Amaro Gomes, 57 anos, e o cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, 36, foram ameaçadas de morte. Segundo a polícia, por meio de telefonemas anônimos, um grupo de pessoas foi intimidado para não revelar possíveis provas que ligariam Cláudio Amaro e o filho dele, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, à execução de Artur Eugênio. A polícia ainda investiga quem fez as ligações. Segundo o delegado Guilherme Caraciolo, uma nova tentativa de ouvir os dois suspeitos, presos no Cotel, será feita hoje.

Médico foi preso na terça-feira sob acusação de tramar morte de colega (GUILHERME VERISSIMO/ESP.DP/D.A PRESS)

“Essas testemunhas não presenciaram o crime, mas tinham informações do que aconteceu entre a vítima e o médico”, ressaltou Caraciolo, acrescentando que Cláudio e Artur não tinham boa relação. Segundo outro filho do médico, Daniel Gomes, o pai ficou abalado quando soube que estava sendo preso.

“Quando falei com meu pai ainda na delegacia, a primeira coisa que ele pediu foi para eu avisar à secretária para desmarcar as consultas que ele teria hoje (ontem) e informar que atenderia no dia seguinte (hoje). No entanto, quando eu falei que havia um mandado de prisão contra ele e que ele seria levado para o Cotel, meu pai desabou no choro. Ele é inocente”, contou. Ao irmão, Cláudio Júnior também disse não ter participação no assassinato.

Delegado Guilherme Caraciolo está à frente do caso. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Guilherme Caraciolo está à frente do caso. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

O veículo dirigido por Júnior, um Celta preto, usado para levar os outros dois suspeitos do crime, ainda foragidos, à frente do prédio de Artur, em Boa Viagem, não foi localizado. Após o crime, Júnior registrou boletim no qual consta que o veículo foi roubado. Além da imagem dele dirigindo o Celta, a polícia colheu suas impressões digitais no recipiente que transportou o produto usado para queimar o Golf do cirurgião. O carro foi encontrado em 13 de maio, na Guabiraba, Recife. Artur foi morto a tiros em 12 de maio, em Jaboatão.

Ricardo de Albuquerque defende o médico Cláudio Gomes
Ricardo de Albuquerque defende o médico Cláudio Gomes

A viúva de Artur disse que a família está estarrecida e só deve falar sobre o caso na próxima semana. Em diligência ontem no consultório de Cláudio, foram encontrados R$ 21 mil em uma gaveta. Familiares do médico afirmaram à polícia que não tinham conhecimento do dinheiro, mas acreditam que seria usado para pagar funcionários. Uma linha investigada é de que Cláudio e o filho teriam tramado a morte por inveja e revolta, porque o suspeito estaria perdendo clientes para a vítima.

Polícia em buscas de mais dois suspeitos da morte do médico Artur Azevedo

Uma trama que intriga a polícia e causou surpresa e revolta no meio médico de Pernambuco começa a ser esclarecida. Vinte e dois dias após a morte do cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, 36 anos, um médico renomado e seu filho, estudante de direito, foram presos por suspeita de participação no crime. A Polícia Civil segue em diligências para prender os dois últimos suspeitos.

 (GUILHERME VERISSIMO/ESP.DP/D.A PRESS)

Ontem, agentes da 11ª Delegacia de Homicídios de Jaboatão prenderam o médico Cláudio Amaro Gomes, 57, e o filho dele, Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, suposto mandante e um dos executores do crime, respectivamente. A motivação ainda não foi revelada, mas entre as possibilidades estariam a perda de prestígio de Cláudio no meio.

Pai e filho não confessaram participação no crime. Porém, contra Cláudio Júnior a polícia tem duas provas. A mais forte, e que resultou na sua identificação, são as impressões digitais encontradas na garrafa onde foi transportado o líquido utilizado para queimar o carro do cirurgião.

 (RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS)

Peritos do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) confrontaram as digitais com uma ficha do suspeito que veio do estado do Rio de Janeiro. Para a polícia, Cláudio Júnior ajudou a atear fogo no veículo encontrado carbonizado na Guabiraba, Recife.

Outra prova contra o universitário são imagens das câmeras do prédio onde a vítima morava, em Boa Viagem. Cláudio dirigiu o Celta onde estavam os outros dois suspeitos que desceram, renderam Artur na portaria do prédio e entraram no veículo dele, seguindo para o local da execução, às margens da BR-101 Sul, em Jaboatão. Artur foi morto no dia 12 de maio.

Filho do médico participou diretamente do crime. Foto: Guilherme Verissimo/Esp.DP/D.A Press
Filho do médico participou diretamente do crime. Foto: Guilherme Verissimo/Esp.DP/D.A Press

“Não temos dúvidas de que o filho participou da execução e de que o pai foi o mandante. Resta agora identificar e prender os outros suspeitos”, afirmou o delegado Guilherme Caraciolo. Ambos foram presos por força de um mandado de prisão temporária de 30 dias. O filho, por estar com um revólver calibre 38, ainda foi autuado por porte ilegal de armas.

Médico tinha 36 anos, era casado e deixou um filho pequeno. Foto: Arquivo Pessoal
Artur foi encontrado morto no dia 12 de maio. Ele tinha 36 anos, era casado e deixou um filho. Foto: Arquivo Pessoal

Formado em medicina pela Universidade Federal de Campina Grande, Artur era paraibano e morava no Recife há três anos. Trabalhava no HCP e ajudava pacientes vitimas do câncer. Era doutor em Cirurgia Torácica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; especialista em cirurgia torácica pela USP; cirurgião torácico do Hospital das Clínicas da UFPE; cirurgião torácico do Instituto de Medicina Integral de Pernambuco (Imip). De acordo com os colegas de trabalho, era uma pessoa alegre, querida, estudiosa e competente. Era casado com uma médica e pai de um menino de pouco mais de um ano.