Polícia diz que dinheiro teria motivado assassinato de colunista

O assessor pessoal do colunista Marcolino Junior, Davi Fernando Ferreira Graciano, 22, é o principal suspeito de ter planejado a morte do jornalista, cujo corpo foi encontrado na segunda-feira em Sairé, a 30 km de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. O assessor foi preso ainda na segunda-feira junto com Rafael Leite da Silva, flagrado tentando vender o veículo da vítima.

De acordo com a polícia, o assessor planejou a morte do jornalista para roubar o carro da vítima. Em depoimento, ele contou à polícia que recebia pouco pelo trabalho, cerca de R$ 200 por semana. “Ele não se achava reconhecido no trabalho, foi o que alegou no depoimento, mas o crime foi cometido por causa do patrimônio da vítima”, explicou o delegado Márcio Cruz. Ainda de acordo com a polícia, Rafael confessou ter recebido R$ 1 mil para se desfazer do carro. Os dois estão presos na penitenciária de Caruaru.
Apesar das prisões, a polícia não dá o caso por encerrado e considera a hipótese de outras pessoas terem participado do crime. Ontem, o carro do colunista foi periciado para identificar possíveis materiais genéticos.

A Prefeitura de Caruaru emitiu uma nota de pesar pela morte do colunista.”Foi com muita tristeza que recebemos esta notícia. Marcolino marcou a sociedade caruaruense com o seu carisma e trabalho”, disse o prefeito José Queiroz. O sepultamento foi realizado ontem às 21h no Parque dos Arcos, em Caruaru.

ENTENDA O CASO
Marcolino Júnior estava desaparecido desde a noite de sábado. Após almoçar com a mãe, o colunista social havia deixado de responder aos amigos e à família e não compareceu a um casamento no qual trabalharia. No domingo a família registrou um Boletim de Ocorrência do desaparecimento. O jornalista e colunista social Marcolino Júnior, 46 anos, tinha uma carreira de mais de 20 anos. Ele trabalhava na TV Asa Branca e assinava a coluna social do Jornal Vanguarda.

Cenas de terror durante roubo a banco na Mata Norte do estado

Uma onda de terror invadiu as cidades de Macaparana e São Vicente Férrer, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, na madrugada desta quarta-feira. Em uma ação violenta, cerca de 15 homens fortemente armados invadiram a cidade de Macaparana por volta das 23h de ontem. A quadrilha se dividiu em grupos. Um explodiu a agência do Banco do Brasil com explosivos potentes que danificaram a estrutura do prédio, localizado no centro da cidade. Com o impacto, pedaços de cédulas ficaram espalhadas pelas ruas. Os outros grupos realizaram tiroteios no município e também na cidade vizinha de São Vicente Férrer.

De acordo com a polícia, a ação foi orquestrada e durou cerca de duas horas, só terminando depois da 1h30 de hoje. Os bandidos levaram todo o conteúdo do cofre do Banco do Brasil de Macaparana. O valor roubado não foi divulgado. Na fuga, os criminosos ainda aterrorizaram os moradores da cidade, realizando mais disparos de arma de fogo. Os assaltantes também incendiaram um carro, e fecharam as duas entradas da cidade.

Confira matéria da TV Clube/Record sobre o crime

Divulgado retrato falado de suspeito de matar criança em Petrolina

Do Diario de Pernambuco

Mais de dois meses após o crime, a Polícia Civil divulgou o retrato falado de um dos suspeitos de matar a estudante Beatriz Angélica Mota, 7 anos, que foi assassinada em Petrolina, no Sertão do estado. A peça foi montada a partir de relatos de testemunhas que perceberam comportamento suspeito de uma pessoa que estava na festa de formatura das turmas de Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Uma testemunha contou à polícia que o suspeito tinha sido visto no banheiro feminino na presença de duas crianças. Já outra relatou que o homem teria lavado o rosto e o cabelo de forma suspeita. A recompensa para quem repassar pistas que levem à captura subiu de R$ 5 mil para R$ 10 mil.

Suspeito está sendo procurado. Foto: Carol Sa Leitao/Esp. DP
Suspeito está sendo procurado pela polícia. Foto: Carol Sa Leitao/Esp. DP

De acordo com a Polícia Civil, cerca de 80 pessoas foram ouvidas no caso e aproximadamente 50 perícias foram realizadas pela Polícia Científica. Segundo Marceone Ferreira, delegado da seccional de Petrolina que está à frente das investigações, a esperança é de que com a divulgação do retrato falado, a conclusão do caso esteja mais próxima. “Com o retrato falado, pode haver a identificação dos culpados mais rapidamente”, ressaltou. Quem identificar o suspeito pelo retrato falado pode entrar em contato com o Disque-Denúncia pelo número (81) 3719-4545 ou 3421-9595, com garantia de anonimato e podendo ter uma recompensa de R$ 10 mil.

Beatriz tinha sete anos. Foto: Blog O Povo Com a Noticia/Reproducao da Internet
Beatriz tinha sete anos. Foto: Blog O Povo Com a Noticia/Reproducao da Internet

Beatriz Mota foi assassinada a facadas no dia 10 de dezembro do ano passado, durante uma festa no colégio onde seu pai é professor de inglês. A criança foi encontrada morta em uma sala utilizada como depósito de equipamentos esportivos que estava desativada, minutos depois de seus pais e o restante dos convidados da festa saírem a sua procura. Como não havia sinais de tentativa de abuso sexual, a polícia acredita que a intenção do suspeito era realmente praticar o homicídio.

 

Federalização
A assessoria de imprensa da Polícia Federal de Pernambuco emitiu nota no último domingo afirmando que ainda não há autorização para que o caso da menina Beatriz Mota fique a cargo de investigação federal. Em visita à cidade de Juazeiro (BA) na última sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff ouviu do prefeito de Petrolina que um pleito para que a PF assumisse o caso foi entregue ao Ministério da Justiça. A Polícia Federal ressaltou que, se ficar sob responsabilidade federal, Petrolina integra a cobertura da PF do estado da Bahia.

Coletes balísticos dos agentes penitenciários estão vencidos

O sistema penitenciário do estado está mergulhado no caos. Não que a situação nas unidades prisionais já tenha sido boa, mas agora está muito pior. Rebeliões, mortes, motins, entrada de drogas, armas e celulares e, como se já não bastasse tudo isso, agora as fugas. Em menos de uma semana, quase 100 homens conseguiram escapar de duas das mais conhecidas unidades de Pernambuco. Foram 52 presos que escaparam da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, e 40 do Complexo Prisional do Curado, antigo Aníbal Bruno.

Assim como todos os outros presídios e penitenciárias do estado, essas duas unidades estão superlotadas. Além disso, faltam policiais militares para fazer a segurança das guaritas dos muros e agentes penitenciários para trabalhar nas revitas e controle interno dos presídios. Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do estado (Sindasp), apenas 1,5 mil agentes trabalham para cuidar de 32 mil presos em Pernambuco.

E trabalhar nesses locais significa correr risco de vida. Todos os coletes balísticos usados pelos agentes estão vencidos desde junho de 2014. “Corremos riscos todos os dias. Esses coletes não servem mais para nada e o governo não vai comprar quantidade suficiente para todos nós”, disse um agente que pediu reserva no nome.

Diante de tantos problemas enfrentados pelos profissionais que fazem a segurança das unidades prisionais do estado, o Sindasp e a Associação de Cabos e Soldados do estado estão programando um ato de repúdio para esta quarta-feira (27). O grupo pretende se reunir a partir das 10h, em frente à sede da Secretaria de Ressocialização (Seres), no Parque 13 de Maio. O objetivo é seguir até o Palácio do Campo das Princesas, onde esperam ser recebidos pelo governo do estado.

Fim da linha para estelionatários da net. Grupo foi preso pela Polícia Civil

O estudante Evandro da Silva Dias Júnior, 19 anos, encontrou uma maneira de ganhar dinheiro fácil no mundo virtual, só que de forma ilegal. Sem sair de casa, ele invadia computadores online, roubava dados, números de cartões de crédito e senhas e, em seguida, comprava em sites usando as informações das vítimas. Quando a mercadoria chegava ao Recife, era revendida nas redes sociais.

Caso foi apresentado ontem em coletiva. Foto: Policia Civil/Divulgação
Caso foi apresentado ontem em coletiva. Foto: Policia Civil/Divulgação

O esquema chamou a atenção de mais seis pessoas que foram treinadas por Evandro para roubar informações na internet: André Felipe de Lima, 20; Luís Carlos Santos, 20; Márcia Stefane Pereira Barros, 18; Wanjohnson José Lopes da Silva, 18; Luiz Eduardo Acioly Maia, 24; e Patrick Swayze Santos Dias, 21, esse último é irmão de Evandro, e estava preso.

O delegado Eronides Meneses apresentou ontem o resultado da Operação Cash, que prendeu os suspeitos. A organização criminosa se autodenominava Caash. As investigações foram iniciadas em setembro pela Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos. A maioria das apreensões feitas durante a operação foi de equipamentos de informática, como computadores e notebooks. Segundo a polícia, parte dos equipamentos era usada para cometer fraudes online.

Os suspeitos de fazer parte da quadrilha responderão na Justiça pelos crimes de estelionato, receptação, organização criminosa, corrupção de menores e invasão de computadores. “Eles alteravam o endereço de entrega das mercadorias e as vendiam por um quarto do preço original”, disse o delegado do caso.

Nos diálogos encontrados pela polícia nas redes sociais dos suspeitos, um deles chegou a anunciar o recebimento de uma carga de relógios. Ainda de acordo com a polícia, eles pintavam os números de suas residências para tentarem dificultar as investigações e duplicavam uma letra no nome do perfil do Facebook. As postagens nas redes sociais sempre ofereciam os produtos mostrando foto e exibindo os valores. O lucro das vendas, segundo a polícia, a quadrilha gastava com farras.

Além dos envolvidos, a polícia ouviu depoimento de um adolescente de 16 anos. Ele foi ouvido e liberado. Uma outra adolescente de mesma idade também está sendo procurada apenas para prestar depoimento.

Presos fazem ioga para reduzir tensão

Do Diario de Pernambuco, por Anamaria Nascimento

Detento do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, Luiz Alberto Pessoa, 42 anos, conta que viu o mar sem sair da unidade que integra o Complexo Prisional do Curado, antigo Aníbal Bruno. A experiência aconteceu durante uma sessão de meditação em curso ministrado para 53 internos ontem. A aula faz parte do projeto de reabilitação de presos Prision Smart, criado pela Organização Internacional Arte de Viver.

Fotos: Fernando Portto/SJDH
Fotos: Fernando Portto/SJDH

As técnicas de ioga, meditação e respiração foram ensinadas pelo instrutor da Arte de Viver Ismael Mastrini. O curso chega ao fim hoje. As aulas acontecem desde segunda-feira na igreja localizada entre os pavilhões do presídio que tem capacidade para 992 detentos, mas que tem 3.228 internos atualmente.

O curso segue o mesmo modelo dos oferecidos em prisões da Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e México. No Brasil, experiências semelhantes foram realizadas no Rio de Janeiro, em 2012. “As realidades nos presídios são muito parecidas. O grupo normalmente chega com alguns receios, mas torna-se receptivo e termina o curso mais tranquilo e com menor índice de violência”, destacou Mastrini.

Luiz Alberto, que não quis comentar a pena que cumpre no presídio, disse que a experiência foi positiva e alegou sentir-se mais leve após os momentos de meditação. “Começamos o curso com meditações em tempos mais curtos. Depois, conseguimos flutuar. Vi a praia. Outros viram a família, um campo”, relatou Alberto.

Insalubridade
Um relatório da Human Rights Watch, divulgado este mês, mostrou que um dos maiores focos de HIV e tuberculose em Pernambuco está nos presídios. Intitulada “O estado deixou o mal tomar conta – a crise do sistema prisional do estado de Pernambuco”, a pesquisa apontou a existência de uma epidemia das duas doenças nas unidades prisionais do estado.

Segundo o documento, são 2.260 casos de tuberculose por 100 mil presos, ou seja, uma taxa quase 100 vezes maior que a média na população brasileira. A prevalência de infecções pelo vírus HIV é mais de 42 vezes maior que a verificada na população brasileira em geral, chegando a 870 casos por 100 mil presos.

Corregedoria acompanha inquérito sobre mortes no Golden Beach

A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social abriu investigação preliminar para apurar a conduta do policial militar autor do disparo que matou a técnica de enfermagem Juliana Saboia Ferreira da Silva, 28 anos, no último domingo, no Hotel Golden Beach, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes. Antes de ser atingida no abdômen pelo PM, Juliana matou com um tiro nas costas a cambista Pamela Ferreira Oliveira, 25. Policiais militares foram ao local para conter uma discussão entre as duas mulheres a pedido do policial civil Fábio Rogério Serafim Pereira, 38, ex-marido da técnica de enfermagem. A Polícia Civil deve fazer uma reprodução simulada do crime.

Corpo de Pamela foi enterrado no Cemitério de Santo Amaro. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press  Pauta:
Corpo de Pamela foi enterrado no Cemitério de Santo Amaro. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O corregedor geral, Servilho Paiva, explicou que o inquérito da Polícia Civil será determinante para a conclusão da investigação administrativa. Enquanto isso, a apuração dos dois assassinatos está sob responsabilidade do delegado Guilherme Caraciolo, da Delegacia de Homicídios de Jaboatão. “O inquérito da Polícia Civil vai dizer se o PM agiu dentro ou fora dos limites legais. Se ficar comprovado que ele agiu fora, responderá criminalmente e administrativamente. Se agiu dentro, não há penalidade”, esclareceu.

No caso de ser indiciado, responderá por homicídio, segundo informou o delegado Felipe Monteiro, do DHPP. A arma do PM, cuja patente e nome não foram informados, foi apreendida e ele continua com as atividades normais. Como ainda não recebeu o inquérito, Caraciolo preferiu não falar sobre o caso.

No último domingo, Juliana saiu da casa da mãe, em Aguazinha, Olinda, para fazer provas do Enem quando, por algum motivo, decidiu seguir ao hotel onde o ex-companheiro morava. Há cerca de duas semanas o casal estava separado. Ao chegar no flat, ela encontrou Fábio com Pamela na piscina. As mulheres iniciaram uma discussão, quando o policial civil decidiu chamar a PM para acabar a briga. Quando a PM chegou, as duas foram encontradas trancadas no apartamento. Ao tentar sair, Pamela foi atingida nas costas. Com a arma em punho, Juliana teria ameaçado os policiais quando foi atingida.

Juliana usou a arma do ex-companheiro, com quem se relacionava há cerca de quatro anos, para matar a vítima. A pistola estava dentro do apartamento. Há suspeitas de que Juliana teria recebido alguma ligação a caminho do Enem. “Ela não gostava de armas. Era enfermeira, não tinha habilidade com esse instrumento. Quando saiam, ela pedia para Fábio não levar”, disse o policial civil Josiel Gomes da Silva, 60, amigo do casal. Ele não soube informar o motivo do fim do relacionamento. Os parentes da jovem não quiseram se pronunciar sobre a conduta do PM.

Pamela era mãe de três crianças, de 3, 5 e 8 anos, e morava sozinha, em Água Fria, no Recife. A família disse não conhecer o relacionamento entre ela e o policial civil. Familiares das duas jovens estiveram ontem no Instituto de Medicina Legal para liberação dos corpos e programação dos sepultamentos. O corpo de Pamela foi sepultado na tarde de ontem e o de Juliana será velado hoje, às 10h, no Cemitério Vila da Saudade, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife.

Uma cidade pichada nas alturas

Do Diario de Pernambuco, por Marcionila Teixeira

Maria Diva Leite tem 62 anos e sofre de insônia. Noite após noite, costuma permanecer em uma cadeira de plástico próxima à janela da frente de seu apartamento. Percebe em silêncio o movimento da rua. Diva tem uma curiosidade: deseja saber como pichadores escalaram o prédio de seis andares onde mora, na Avenida Barão de Souza Leão, em Boa Viagem. Há cerca de seis meses, eles deixaram as pastilhas da parte mais alta do edifício marcadas com tinta preta. “Moro aqui há quase vinte anos e essa foi a primeira vez que vi o prédio pichado. Ficamos impressionados com a altura que eles alcançaram”.

Fotos: Hesiodo Goes/Esp. DP/D.A Press
Moradores reclamam das pichações. Fotos: Hesiodo Goes/Esp. DP/D.A Press

Insatisfeitos com a pichação, moradores do condomínio de 198 apartamentos custearam a retirada dos dizeres da fachada. O resultado parece não ter dado muito certo. “Tiraram o máximo, mas ainda ficou feio”, comentou outro morador do Edifício Barão de Souza Leão, o autônomo Jairo Júnior, 52, referindo-se ao tom esbranquiçado sobre a pichação. O serviço custou R$ 1 mil.

A escalada de prédios, residenciais ou públicos, é vista como ousadia pelos moradores, mas para pichadores a modalidade é tida como a mais radical. Dificilmente é feita por apenas um indivíduo. Em grupos, costumam entrar no imóvel pela parte de fora, com a ajuda uns dos outros, inclusive subindo nos ombros. “Outras vezes, conseguem ter acesso ao prédio por dentro mesmo. Sobem as escadas até atingirem o ponto mais alto. Se um prédio é muito alto, pode ser visto de longe e o nome do pichador está no topo desse prédio, esse cara ganha respeito entre eles”, explica o pesquisador Thiago Santa Rosa, estudioso do tema em Pernambuco e autor da dissertação de mestrado Pixadores, grafiteiros e suas territorialidades: apropriações socioespaciais na cidade do Recife.

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Pichadores escalam altos prédios residenciais e comerciais no Grande Recife

A grafia dos pichadores também está no alto do Edifício Karla, um prédio de dois andares localizado na Barão de Souza Leão. “A gente acha que eles pularam o portão de ferro da frente e escalaram pela parte de trás, onde há cobogós”, raciocina o aposentado Moacir Tomaz da Silva, 81. Nenhuma das quatro famílias residentes viu ou ouviu a presença dos pichadores naquela madrugada. A “visita” teria acontecido na mesma época da ação do outro edifício na mesma rua. “Se pintar eles vêm de novo. Então o pessoal quer deixar como está”, lamenta Moacir.

A ação do pichador costuma durar poucos minutos, daí a dificuldade em flagrá-los. O vendedor Flávio Leal, 51, já deu de cara com um deles no  Edifício Duque de Caxias, em Santo Amaro. “Era noite e, ao virar o rosto para a janela eu o vi”, disse.

Apesar da incidência, o crime é pouco denunciado

A pichação é considerada crime pela lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. A média de reclamações pelo Disque-Denúncia é de quatro por ano. A pena prevista é detenção de três meses a um ano, além de multa. Se é feita em monumento ou coisa tombada, a pena sobe para seis meses a um ano. Pela mesma legislação, o grafite também é considerado crime quando feito sem autorização do proprietário ou órgão responsável pelo suporte a ser pintado. A pena de detenção é de três meses a um ano, além de multa.

“O grafite tem como uma de suas principais características ser feito sem autorização. Visto por este ponto, pichações e grafite se igualam para a lei e em sua aplicação nas ruas pouco importa se é uma assinatura ou um painel multicolorido que está sendo pintado, se não foi autorizado pelo proprietário, se está transgredindo a propriedade privada”, ressalta o pesquisador Thiago Rosa.

Apesar de considerada crime, a pichação também tem sido cada vez mais analisada como fenômeno cultural. O documentário Pixo, com 61 minutos de duração, relata o impacto da pichação na cidade de São Paulo e sua influência internacional como uma das principais correntes da street art. O documentário mostra a realidade dos pichadores, os conflitos com a polícia.Os diretores defendem que o filme fornece argumentos para o debate da pichação ser crime ou arte.

Cidades sem roubos e assassinatos

Do Diario de Pernambuco, por Ed Wanderley

Há três anos, o município de Ingazeira no Sertão do Pajeú, a 390 km do Recife, não sabe o que é um homicídio. É a recordista de Pernambuco, sem registro de assassinato desde março de 2012. A 80 km dali, outra cidade salta aos olhos: Calumbi, desde janeiro de 2013 sem qualquer assalto. As cidades fogem à escalada da violência no estado, desde 2014.

Menor cidade pernambucana, Ingazeira tem pouco mais de 4,5 mil habitantes. Possui um distrito quase do tamanho do Centro, onde, pela manhã, é fácil encontrar moradores sob a sombra das árvores ou conversando nas calçadas. Já são 42 meses desde a última vez em que a população teve de lidar com um assassinato em seu perímetro. “Aqui é bom demais. Não era assim. Antigamente era violento, tinha briga, tanto que a cidade acabou não desenvolvendo”, conta o aposentado Cícero Ribeiro Sobrinho, 84.

Para a promoção de tanta tranquilidade, não faltam “pais”. O prefeito Luciano Torres Martins atribui a realidade ao trabalho preventivo com crianças entre 8 e 12 anos, por meio de aulas de policiais militares durante o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. “Assim, eles acabam influenciando os pais, o que evita problemas. O que mais temos aqui é problema com perturbação do sossego e outras questões leves”, afirma, acrescentando, no entanto, que 12 guardas municipais foram contratados pelo poder municipal para proteger o patrimônio público (porque “a farda já intimida”) e anunciando a instalação de oito câmeras de monitoramento no centro comercial, ao custo de R$ 6 mil. Diz ainda que o município não dispõe de orçamento fixo para segurança pública por não haver demanda para isso.

Já o chefe de estatística do 23º Batalhão da Polícia Militar, capitão Marcos Antônio Barros das Neves, aponta o patrulhamento e a conscientização dos habitantes, por parte da polícia, sobre cidadania – bem como as investidas contra possíveis áreas de uso de drogas e recolhimento de armas – como o fator crucial para colocar sua área de segurança como uma das de melhor desempenho dentro do programa Pacto pela Vida, atingindo, inclusive, os padrões aceitáveis da Organização Mundial da Saúde no que diz respeito à taxa de homicídio inferior a 10 mortes por 100 mil habitantes. Para se ter uma ideia, em Jaboatão dos Guararapes, essa taxa foi de 48,5 em 2014.

Quem vive na cidade, pensa um pouco diferente. O fato de conhecer uns aos outros e de a cidade não ser visitada por muitos “forasteiros” são determinantes para a sensação de paz. “A polícia passa por passar. Mesmo com festa, não tem problema”, argumenta Maria Aparecida Alves. O fato de “existir por existir” não chega a ser incomum no município onde a delegacia praticamente não tem fachada identificada e fica junto a uma cadeia pública, que, segundo a PM, foi inaugurada há anos sem nunca ter recebido qualquer preso, além de bodes de criadores locais.

Diálogo e atenção inibem roubos

A 360km do Recife, Calumbi não é diferente de Ingazeira. Seus 5,8 mil habitantes aprenderam a não conviver com crimes – há 34 meses não há registros de assaltos no município. Como não há ocorrências de roubos a banco ou sequestros, por exemplo, seria o mais próximo de uma “capital da paz do ano”, não fosse a decapitação de um agricultor por seu filho, em setembro deste ano.

“É o tipo de coisa que a polícia não consegue evitar. Questão de droga somada à crime de proximidade, fora da área urbana”, defende o delegado Williams Cavalcanti Lacerda. Ele acredita que como toda transgressão registrada no município, nos dois anos de sua atuação, é remetida à Justiça e há ouvidas oficiais, há uma espécie de “presença” da polícia no imaginário da população local, o que inibiria crimes mais graves. “Aqui só tem Maria da Penha e agressão por conta de álcool”, minimiza.

O prefeito Erivaldo José atribui a tranquilidade aos investimentos feitos em educação e ao fato de 70% da população residir na zona rural, dificultando intrigas. “Problema maior é quando vem gente de fora, em especial de Serra Talhada. Um grande aliado é o 190 (emergência policial telefônica)”, garante, afirmando não haver recursos destinados à segurança pública no município além de palestras em escolas por parte da Polícia Militar.
Para o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, diferentemente do que ocorre na Região Metropolitana do Recife, é a cultura do sertanejo que contribui para a queda da violência no Pajeú. “Todo mundo se conhece, tem uma relação e eles têm uma cultura mais apurada sobre o valor do trabalho e dos princípios morais”, diz.

Desde 2014, assim como Ingazeira, não possuem registros de homicídio as cidades de Granito, Itacuruba e Vertente do Lério. A exemplo de Calumbi, estão sem assaltos Quixaba e Solidão.

PCC pode estar envolvido no plano de fuga do Complexo do Curado

Cinco pessoas foram presas suspeitas de estarem envolvidas na escavação do túnel que foi descoberto ontem no quarto de uma casa localizada ao lado do Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife. Após investigações, o serviço de inteligência da Polícia Militar foi ao local e prendeu três pessoas em flagrante, entre eles, uma mulher que seria esposa de um presidiário que cumpre pena no Presídio Frei Damião de Bozzano, o mais próximo do imóvel onde a escavação era feita.

Túnel estava sendo construído de dentro de uma casa. Fotos: TV Clube/Reprodução
Túnel estava sendo construído de dentro de uma casa. Fotos: TV Clube/Reprodução

Segudo a polícia, o buraco fica a cerca de 120 metros do pátio da unidade prisional. As três pessoas presas dentro da casa foram identificadas como Luciana, que seria a mulher do detento, Renato Correia dos Santos, 25, responsável por alugar a casa, e Wilson Barbosa de Oliveira, 21. Wilson e Luciana afirmaram que apenas foram contratados para levar ventiladores até o imóvel. Segundo a Secretaria de Ressocialização, a cratera tinha um metro de diâmetro, no entanto, o comprimento ainda não foi medido. Uma sindicância foi aberta para investigar quais presidiários estão envolvidos do no plano de fuga. A suspeita é de que presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) esteja envolvidos.

Suspeitos estavam usando iluminação para trabalhar à noite
Suspeitos estavam usando iluminação para trabalhar à noite

O imóvel onde o túnel foi encontrado foi alugado há cerca de 15 dias pelo valor de R$ 450 por mês. Após o flagrante, outros dois suspeitos foram presos em Curcurana, Jaboatão dos Guararapes. Eles foram identificados como Elvis Antônio dos Santos, 20, e Marcos Ferreira da Silva Júnior, 21.

Todos foram levados para a Central de Plantões da Capital, em Campo Grande, para prestar depoimentos. Com os suspeitos foram apreendidos ventiladores, pás, enxadas e fiação que seria usada no túnel. Vários sacos com areia foram encontrados dentro da casa. Segundo um morador da localidade, os suspeitos agiam sem chamar muita atenção. “Não tinha muito movimento na casa e eles faziam tudo em silêncio”, disse um aposentado.

 

De acordo com o secretário Pedro Eurico, esse foi o primeiro túnel encontrado na área externa da unidade prisional neste ano. No entanto, outros oito túneis foram descobertos dentro do Complexo Prisional em 2015. “Foi uma ação inusitada, mas que não foi concretizada. O que posso dizer é que o estado não tolera a fuga de presos.” No último dia 6, um túnel foi encontrado no Presídio Frei Damião de Bozzano. Nenhum detento conseguiu escapar