Corregedoria ainda não identificou PMs suspeitos de agressão

 

A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) ainda não identificou os dois policiais militares da Companhia Independente de Policiamento com Motocicletas, suspostamente envolvidos na agressão a uma professora das redes estadual e municipal de ensino, ocorrida na noite do último domingo. O caso está sendo apurado pelo Núcleo de Inteligência do órgão. A partir da denúncia feita pela vítima, na segunda-feira, uma sindicância foi aberta para identificar os suspeitos e penalizá-los, se as agressões forem confirmadas. Os PMs podem ser expulsos da corporação.

 

Professora foi algemada e detida no último domingo (WAGNER OLIVEIRA/DP/ D.A PRESS)
Professora foi detida no domingo. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A/Press
De acordo com o relato da professora, ela teria ido verificar o que acontecia durante uma abordagem que  os PMs estavam fazendo a um rapaz, no bairro de São José, quando foi destratada, algemada, ameaçada de morte e colocada em uma viatura. Um amigo, com a intenção de livrá-la, disse que ela tinha problemas mentais. A vítima foi levada por outros PMs ao Hospital Ulisses Pernambucano, na Tamarineira, de onde foi liberada após exame médico realizados pela equipe médica da unidade. A vítima espera que os responsáveis pela agressão sejam identificados e punidos. “Não podemos deixar que pessoas que são pagas para nos proteger cometam atos desse tipo”, enfatizou.

PMs acusados de agredir professora

 

Não raro, casos de agressões cometidas por policiais militares são noticiados pela imprensa local. Muitas vezes, os responsáveis por essas situações não são punidos porque as vítimas têm medo de sofrer represálias. Mas, para sorte da sociedade, muita gente resolve levar a denúncia adiante e cobrar o esclarecimento e punição para os acusados. Servidores que são treinados e remunerados para proteger a população nem sempre desempenham o seu papel como deviam. Mas, o cidadão está atento aos seus direitos e denunciando os abusos. Foi o que aconteceu nesse final de semana.

A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) está apurando a agressão sofrida por uma professora das redes estadual e municipal de ensino que, segundo a vítima, foi praticada por dois policiais da Companhia Independente de Policiamento com Motocicletas (CIPMotos), antiga Rocam. A professora contou que a violência aconteceu na noite do domingo, no bairro de São José, no Centro do Recife, quando ela foi verificar o que acontecia durante uma abordagem que a dupla de policiais estava fazendo a um rapaz em um carro não identificado por ela.

Professora quer que caso seja esclarecido. Foto Wagner Oliveira/DP/D.A Press

A professora afirmou que foi destratada verbalmente, algemada, ameaçada de morte e colocada dentro de uma viatura policial. O corregedor geral, Sidney Lemos, garantiu que o caso vai ser apurado com rigor e que os policiais serão punidos casos a agressão seja confirmada.  “Eles falaram comigo com muita ignorância e disseram que eu não tinha nada a ver com a abordagem deles. Foi quando eu disse que era funcionária pública, que era professora, mas eles me botaram contra a parede, chamaram uma viatura e colocaram uma algema nos meus braços que ficou inchado e doendo muito”, acrescentou a docente.

Leia matéria completa na edição do Diario de Pernambuco desta quarta-feira no caderno de Vida Urbana

Após a perda da filha, a condenação popular

O texto a seguir é do colega Raphael Guerra, repórter da editoria de Vida Urbana do Diario de Pernambuco, e que assistiu na tarde desta terça-feira a mais uma tentativa de linchamento no Recife. Dessa vez, a população tentou agredir a mãe da menina de quatro anos que foi estuprada e morta na noite do último domingo.

 

Por Raphael Guerra

A vontade de tentar fazer “justiça pelas próprias mãos” levou os moradores do bairro da Mangueira, na Zona Oeste do Recife, a tomar uma atitude extrema. Revoltados com o assassinato bárbaro da menina Kétuli Raíssa, 4 anos, eles tentaram na tarde desta terça-feira linchar a mãe da garota, Érica Regina, dentro do Cemitério de Santo Amaro, durante o sepultamento do corpo da menina, por acreditarem que ela foi negligente. Sob a escolta de policiais militares, ela ficou impossibilitada de acompanhar o enterro da filha mais velha. Mas, por que o desejo, cada vez maior, de se criar um caminho cuja lei medieval “olho por olho, dente por dente” insiste em prevalecer entre os cidadãos, independente de classe social?

Mãe da garota precisou ser escoltada pela PM. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press

A pesquisadora social e de segurança pública da Fundaj, Ronidalva de Andrade, acredita que o instrumento da violência foi o encontrado pelas pessoas para que elas sintam que está se fazendo justiça. “Prevalece o sentimento de impunidade. Com a demora para que os culpados sejam condenados, as pessoas não confiam mais na Justiça. Não acham que a lei seja suficientemente justa. Por isso, em casos em que há extrema violência, o povo quer crueldade. Quer que os culpados sejam desmoralizados. Por isso, acabam agindo da mesma forma”, explicou.

Sepultamento do corpo aconteceu em Santo Amaro. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press

Cenas da brutalidade contra um inocente

 

Já comentei aqui no blog nessa segunda-feira o que aconteceu no bairro da Mangueira, no Recife, quando uma menina foi encontrada morta após ter sido estuprada. Por pouco, um idoso inocente não perdeu a vida ao ser espancado por uma população revoltada com o crime. Gente que agiu sem pensar e tentou fazer justiça pelas próprias mãos, enquanto a polícia já estava trabalhando e já havia prendido o verdadeiro suspeito.

As cenas da agressão contra o senhor Daniel Pereira, de aproximadamente 70 anos, são revoltantes. Mesmo afirmando durante todo o tempo que era inocente ele levou murros, chutes e foi agredido até com um capacete. Veja o vídeo gravado pela equipe de reportagem do programa Cardinot Aqui na Clube da TV Clube/Record.

 

Quando o inocente paga o pato

 

Até que ponto a revolta da população pode acabar com a vida de uma pessoa inocente? Na manhã desta segunda-feira, um senhor de aproximadamente 70 anos foi covardemente espancado por moradores do bairro da Mangueira, no Recife, sob suspeita de ter estuprado e matado a menina Kétuli Raíssa, de apenas 4 anos. As imagens do espancamento registradas pela equipe da TV Clube/Record são revolvantes. Mesmo afirmando que era inocente, o senhor foi agredido com socos e pontapés por homens e até mesmo mulheres da comunidade.

Suspeito foi liberado após chegar ao DHPP. Foto: Wagner Oliveira/DP.D.A Press

A violência dos golpes era tão grande que o homem chegou a cair no chão. E o pior de tudo foi ver que uma viatura da Polícia Militar com dois policiais estava responsável por conduzir o “suspeito” à delegacia e os militares nada fizeram para conter a fúria dos moradores. Ao chegar no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o senhor explicou para a imprensa que era inocente e que teria sido espancado porque confundiram seu nome com o de outra pesssoa. Poucos minutos depois de entrar no prédio do DHPP, o suspeito foi liberado porque o provável verdadeiro suspeito já estava detido.

 

Mesmo afirmando inocência, ficou com ferimentos Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Até aí, o destino de uma pessoa inocente não terminou de uma forma pior. Com vários hematomas no corpo o homem inocente voltou para casa de alma lavada, mas com o corpo ferido. Fazer justiça pelas próprias mãos não é, de forma alguma, a maneira correta de se punir um culpado. A polícia e a lei estão aí justamente para isso. E no caso de pessoas inocentes que acabam “pagando o pato” pelo erros de outros a revolta é ainda maior.

 

 

Blogueiro e repórter de férias



 

Olá, pessoal.

Desta quinta-feira até o dia 16 de setembro estarei de férias. Nesse período, não irei atualizar o blog nem estarei escrevendo para o Diario de Pernambuco. Vou aproveitar os meus 30 dias de descanso para renovar as energias e voltar com as baterias carregadas e ainda mais disposição no dia 17 de setembro. Obrigado por acompanharem meu trabalho e até a volta.

 

 

Reação atrasada contra abuso de meninos

 

Desde a sexta-feira da semana passada que o Diario de Pernambuco vem publicando uma série de reportagens produzida pelo jornal Correio Braziliense que revela o mundo escondido dos abusos praticados contra meninos que sonham em ser jogadores de futebol. As repórteres Juliana Braga e Renata Mariz mergulharam a fundo nas denúncias que partiram de várias parte do Brasil. Trouxeram à tona um problema que muita gente não enxerga, mas que deixa feridas no corpo e na alma de muitos garotos. Alguns deles são obrigados a manter relações sexuais com treinadores ou outros profissionais dos clubes onde treinam para se manterem no caminho dos seus sonhos.

Apenas depois essas denúncias, o governo e a CBF se pronunciaram sobre o problema. A presidente da CPI da exploração também cobrou explicações. Tudo bem, a atenção é válida, porém chega meio tarde. Quantos meninos não tiveram seus sonhos interrompidos depois dos abusos que sofreram? Quantos abusadores não seguem impunes devido ao medo e à vergonha de contarem o que foram vítimas? E o pior de tudo é que os garotos ouvidos pela reportagem afirmaram que eram ameaçados para não contarem nada do que acontecia. Muito oportuna a abordagem do assunto e deixa um alerta para os pais e toda a sociedade para o problema da exploração sexual. Veja abaixo matéria publicada no Diario de Pernambuco desta quarta-feira.

 

 

Brasília – A Câmara dos Deputados vai convocar o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, e um representante do Ministério do Esporte, para questionar a situação de abandono e a falta de fiscalização nas escolinhas e clubes de futebol no que diz respeito ao abuso e exploração sexual. A presidente da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, deputada Érika Kokay (PT-DF), quer cobrar a responsabilização conjunta dos clubes e do poder público. Também provocada pela série de reportagens do Correio Braziliense/Diario, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) enviará ofícios aos times brasileiros para que estes firmem uma parceria em torno do combate à violência sexual contra os jovens atletas — a exemplo do que faz com grandes empresas do país. Além disso, a pasta anunciou que financiará pesquisas sobre o tema e ações nas cidades-sede da Copa do Mundo, bem como estuda uma campanha nacional com foco na vítima masculina.

O discurso de Érika Kokay foi enfático ao criticar o fato de a CBF e o Ministério do Esporte alegarem não serem responsáveis por ações, dentro dos clubes, que visem a prevenção da violência sexual. “Não podemos mais escutar das autoridades, que deveriam fiscalizar e proteger nossas crianças e adolescentes, a resposta de que abuso sexual é caso de polícia e que nós não temos nada a ver com isso. Tem, sim. O Estado tem de fiscalizar essas relações. A CBF também”, destacou. O requerimento apresentado pela deputada será analisado na próxima sessão da CPI.

 

Governo vai destinar R$ 3,5 milhões para ações de combate à violência sexual nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 (IANO ANDRADE/CB/D.A PRES)
Governo vai destinar R$ 3,5 milhões para ações de combate à violência sexual nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014

A deputada também apresentará projeto de lei para responsabilizar os clubes pelos abusos, na esfera civil e penal, além de arcar com o tratamento. Érika quer construir mecanismos que garantam o respeito efetivo à Lei Pelé. Entre eles, garantir o registro dos profissionais no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), ligado à SDH, para que haja controle das atividades. Outra ideia é estabelecer uma rotina de fiscalização por parte dos conselhos tutelares nos espaços do futebol, para que eles atuem mesmo que não sejam provocados.

Meninos no foco

Por parte do governo federal, a ministra Maria do Rosário reconhece que até hoje nunca houve uma campanha de enfrentamento à violência sexual com foco em crianças do sexo masculino. “Sempre tivemos uma dificuldade de enfrentarmos a exploração que envolve meninos. Essa série nos traz elementos muito importantes, até pela dimensão do futebol, para revelarmos a situação”, afirma a ministra. A invisibilidade da violação que acomete os garotos está refletida nos números. As 35.069 denúncias de abuso e exploração sexual infanto-juvenil recebidas de janeiro a julho deste ano pelo Disque 100, canal de notificações, referiram-se a 20.798 vítimas, das quais apenas 33% eram meninos. “Até pelo tabu que há no tema da sexualidade masculina, essas crianças ficam invisíveis diante dessa condição.”

Segundo Rosário, o Mundial de 2014 é um momento ímpar para combater as violações contra a intimidade das crianças e reforçar seus direitos. “Isso significa (darmos) uma atenção especial nas cidades onde a Copa acontecerá, nos estádios, mas também uma atenção especial a tudo que ela move no imaginário nacional, a todos aqueles que querem ser os melhores craques do Brasil, até para que eles não fiquem mais vulneráveis em universos essencialmente masculinos que são as escolas de futebol.”

Detentos de Pernambuco em dieta balanceada

 

Eles são quase 25 mil em todo o estado. Passam o dia atrás de muros e grades que os separam da vida social que optaram por não ter. Escolheram como companhia o mundo do crime. Os detentos de Pernambuco, que custam ao governo do estado muito mais que o valor médio mensal gasto com um aluno da rede estadual de ensino, recebem nesta terça-feira a notícia de que terão um novo cardápio em todas as unidades prisionais. O novo menu será apresentado em coletiva de imprensa nesta tarde, no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), em Itamaracá.

Preocupada com a saúde e boa forma dos presos, a Secretaria de Ressocialização do estado (Seres) disse que o cardápio, a partir de agora, será diferenciado, pois irá contemplar “alimentos ricos em nutrientes, relevantes no tratamento de diabetes e hipertensão.” Ainda segundo a Seres, a alimentação oferecida aos apenados terá baixo teor de sal e açucar. A comida também será especial para as mulheres gestantes e as que ainda estão amamentando os filhos. Se muitos dos presos que estão nas unidades prisionais já não se importam em trabalhar para ganhar um dinheiro extra e diminuir o tempo de pena, imagine agora que irão receber uma alimentação um pouco melhor. E o que é melhor: de graça.

O que a secretaria também anuncia como “novidade” é a entrada de frutas e sucos nas refeições diárias dos presos. O que parece ser um luxo dentro das unidades carcerárias superlotadas do estado. Um fato curioso e que levanta uma dúvida. Quer dizer que até agora os presos não tomavam suco nem comiam frutas dentro dos presídios, a não ser que a família levasse? Outra dúvia. Essa alteração vai gerar mais gastos para o estado? Se a resposta for sim, quem vai arcar com a despesa?

Lembro-me que no dia 11 de setembro de 2001, dia do atentado contra as torres gêmeas dos Estados Unidos, estava fazendo uma matéria no Presídio de Caruaru enquanto estagiário da extinta Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc). De onde assistimos incrédulos àquelas imagens que chocaram o mundo. Assite, inclusive de dentro da cela de um preso. Como acabamos passando mais tempo que o previsto, almoçamos por lá mesmo. O lá que eu digo é dentro do presídio. Naquele dia estava acompanhado de algumas pessoas da diretoria e recordo que no cardápio havia sudo de maracujá e melancia. Será que foi apenas para impressionar os visitantes?
 

Uma vida interrompida por mais uma bala perdida

 

Leonardo tinha apenas 11 anos, estava na 5ª série e gostava de criar galinhas no quintal de casa. Era um menino esperto e o caçula da casa. Nesse domingo, o corpo do garoto foi sepultado sob lágrimas inconsoláveis dos pais, da irmã mais velha e de dezenas de parentes e conhecidos. Leonardo tinha uma vida inteira pela frente, mas o destino não deixou ele seguir em frente. Depois de pegar sua bicicleta no último sábado para comprar ração para alimentar os pintos que tinha no quintal, deu de cara com a morte. Foi atingido por uma bala perdida e não resistiu. Foi baleado durante um tiroteio promovido por homens ainda desconhecidos pela polícia que estavam atirando contra outra pessoa. O alvo dos tiros também morreu. Além deles, uma menina de 14 anos também foi baleada na mão. Após o enterro do corpo de Leonardo, conversei com a pai dele por telefone. Veja abaixo matéria publicada nesta segunda-feira no Diario de Pernambuco.

 

Leonardo foi baleado quando estava na Rua da Cana, em Araçoiaba (FOTOS: TV CLUBE/REPRODUÇÃO)
Leonardo foi baleado quando estava na Rua da Cana, em Araçoiaba

Um menino de apenas 11 anos morreu após ter sido vítima de uma bala perdida. Leonardo José Bezerra havia saído de casa para comprar ração para os pintos que criava no quintal de sua casa, no município de Araçoiaba, na Região Metropolitana do Recife, quando foi ferido. O garoto foi atingido por um tiro na cabeça quando passava de bicicleta em um local onde um homem estava sendo perseguido e foi assassinado. O corpo de Leonardo foi sepultado no final da tarde desse domingo, no Cemitério de Araçoiaba. Além dele e do homem que foi morto, uma adolescente de 14 anos foi atingida na mão. A menina não corre risco de morte. O caso foi registrado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e será investigado, a partir desta segunda, pela Delegacia de Araçoiaba. O crime aconteceu na tarde do último sábado e a polícia ainda não tem informações sobre os suspeitos.

Segundo a mãe do menino, a dona de casa Rosilene Maria, cinco minutos após o filho ter saído de casa, os vizinhos vieram contar que ele tinha sido baleado. “Ele estava indo comprar a comida dos bichinhos dele. Pegou a bicicleta e não deu nem tempo dele chegar ao supermercado. Quando a gente correu para ver onde ele estava, meu filho ainda estava vivo e caído no chão. Não sei porque fizeram uma coisa dessas com minha criança”, questionou Rosilene. Segundo a polícia, o alvo dos disparos era um homem identificado como Elias Augusto Silva da Costa, 24, que não era morador da região. Após ser atingido na cabeça, Leonardo chegou a ser socorrido e levado para um hospital em Araçoiaba e depois foi transferido de helicóptero para o Hospital da Restauração (HR), mas não resistiu ao ferimento.

 

Lei do silêncio no local

Luciano não sabe quem atirou no seu filho
Luciano não sabe quem atirou no seu filho

Os moradores das proximidades da Rua da Cana, onde aconteceu o crime, não deram informações sobre as pessoas suspeitas de terem promovido o tiroteio que resultou nas duas mortes e no ferimento da jovem. “Foi uma fatalidade. Meu menino tinha acabado de sair de casa na bicicleta dele e perdeu a vida desse jeito. E o pior de tudo é que as pessoas não dizem quem foram os responsáveis por isso. Nem esse rapaz que foi assassinado era da comunidade”, lamentou o pai do menino, Luciano José Bezerra.

O filho mais novo do casal Luciano e Rosilene, Leonardo era um menino tranquilo e estudioso. Estava cursando a 5ª série e gostava de criar galinhas no quintal de casa. “A mãe dele foi fazer a feira mais cedo, mas como já estava com muito peso acabou não trazendo a comida para os pintos. Então, pedimos para ele ir comprar. Agora perdi o meu único filho homem. É uma dor muito grande que nós estamos passando.”

Plataformas reforçarão segurança na orla

 

Os bombeiros e policiais militares contarão com mais um aliado no monitoramento do mar e no combate à violência nas orlas de Boa Viagem, Pina, Brasília Teimosa e Piedade. Até abril do próximo ano, as praias receberão 11 unidades de apoio para guarda-vidas, com espaço reservado para PMs. A construção de quatro delas, em Boa Viagem, já foi iniciada: em frente aos hotéis Jangadeiro e Othon, no trecho do 2º Jardim e próximo ao Edifício Catamarã. As duas primeiras bases do projeto Praia Segura deverão começar a funcionar em um mês. Nesses moldes, a intervenção é pioneira no país.

Todo o projeto irá custar R$ 2,7 milhões, sendo R$ 1,3 milhão reservado aos postos. Os pontos de observação ficam na faixa de areia e têm oito lados. Do alto, o militar consegue observar 360 graus. E não é só isso. Através de câmeras de vídeo, ainda não implantadas no calçadão, o bombeiro será capaz de mapear o que acontece a até 400 metros de distância, nos dois lados. Isso só será possível graças a um avançado sistema de zoom. Em caso de acidente, o observador poderá acionar ambulâncias, motos aquáticas e até helicópteros, por meio de rádios à prova d’água.

Equipamentos servirão de apoio para bombeiros e policiais militares (GLYNNER BRANDÃO/DP/D.A PRESS)
Equipamentos servirão de apoio para bombeiros e policiais militares

As bases terão 6,40 metros de altura por 7,40 metros de largura e comprimento. São 54 metros quadrados de área. Os equipamentos são construídos para resistir a até cinco toneladas. A equipe, porém, será composta por três bombeiros e três militares. As plataformas de observação serão implantadas em locais com altos índices de acidentes aquáticos, grande fluxo de banhistas e boa visibilidade. Só no trecho de 9,5 km entre as praias de Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa passam de 300 mil a 500 mil pessoas por dia, no verão.

“A ideia é elevar a segurança de turistas, banhistas do estado e todos aqueles que buscam o lazer nessas praias”, disse o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio. “Conseguiremos fazer tanto ações de prevenção quanto de socorro. Tudo isso integrando a Polícia Militar, os bombeiros e a prefeitura”, explica o coronel Carlos Casa Nova, comandante geral do Corpo dos Bombeiros.

Resistente

A estrutura das novas plataformas é de madeira reflorestada e autoclavada, processo que impede o ataque de pragas. São eucaliptos plantados em Moreno. Com manutenção, a vida útil do material ultrapassa os 100 anos. A promessa é de que as unidades também resistam à chuva e à maresia. A tecnologia é semelhante à utilizada na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, porém, os postos são de alvenaria. “Há a preocupação com o meio ambiente, a questão ecológica. O rústico também combina com a beleza natural da praia”, falou o responsável pela construção dos novos postos, Olinto Victor de Araújo, da Verde Empreendimento em Madeira. O turista carioca Mário José da Silva, 60, aprovou as mudanças. “Qualquer coisa que aumente a segurança é muito válida”, disse.

 (SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL/DIVULGAÇÃO)

 

Projeto Praia Segura

R$ 2,7 milhões é o investimento total
R$ 1,3 milhão destinado a construção dos pontos de apoio
11 plataformas de observação

R$ 105 mil é o custo de cada uma
25 m²
5 toneladas é a capacidade máxima

9,5 km de orlas (Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa)
300 mil  a 500 mil pessoas circulam num só dia nos 9,5 km

 

Do Diario de Pernambuco