Acusados da Máfia do Botox irão ao banco dos réus

Um ano após vir à tona o escândalo do uso de botox falso em clínicas estéticas do Recife, a Justiça Federal em Pernambuco definiu a data da primeira audiência de instrução e julgamento de 14 réus envolvidos no caso. A chamada Máfia do Botox, como ficou conhecido o grupo, era composta de médicos, empresários e comerciantes de oito estados, que formavam uma cadeia de compra, venda e aplicação de toxina botulínica falsa. A 4ª Vara Federal reservou quatro dias para ouvir as testemunhas e os réus. A audiência acontecerá de 8 a 11 de julho.

Aplicações eram feitas em pacientes do Recife e Caruaru. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A.Press
Aplicações eram feitas em pacientes do Recife e Caruaru. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A.Press

A operação deflagrada pela Polícia Federal completa um ano hoje. No total, 28 profissionais de saúde do estado foram indiciados após a conclusão do inquérito. Por enquanto, o procurador da República Pedro Jorge do Nascimento Costa denunciou à Justiça apenas 14 pessoas, entre elas três médicas pernambucanas. Além de crime contra a saúde pública, considerado hediondo, o grupo responde por formação de quadrilha e indução do consumidor ao erro. Se condenados, os réus podem pegar mais de 20 anos de prisão.

Segundo a denúncia, empresários viajavam para países da Ásia, onde adquiriam, a baixo custo, fórmulas estéticas ilegais, compostas, basicamente, por uma mistura de água e açúcar. No Brasil, os produtos eram vendidos aos médicos por um preço três vezes menor que o normal. O inquérito apontou que os profissionais tinham conhecimento de que as fórmulas não eram autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) também deve ser concluída até o fim de maio, quando será entregue o relatório sobre os médicos investigados, apontando quais serão processados e quais terão os casos arquivados. “Nessa fase, serão ouvidos os depoimentos dos profissionais e das testemunhas e a análise de documentos. Após isso, será realizado o julgamento”, explicou a presidente do órgão, Helena Carneiro Leão. Vinte e um conselheiros serão responsáveis por decidir o futuro dos médicos. É necessária a presença de pelo menos 11. Entre as penalidades, os profissionais podem sofrer advertências, exclusão do exercício por até 30 dias ou cassação do direito de exercer a medicina.

Por Raphael Guerra – Do Diario de Pernambuco

 

 

Maioria dos tribunais não atinge meta dos julgamentos de homicídios

Apenas 12 dos 27 tribunais de Justiça estaduais atingiram ao menos 50% da meta da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) que estabelecia que os juízes analisassem, até o fim do ano passado, todos os processos por homicídios ajuizados até 31 de dezembro de 2008 para decidir se o caso deveria ou não ser submetido a julgamento popular, superando a chamada fase de pronúncia do processo penal.

A meta foi estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2010, ano em que a Enasp, pacto firmado pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelo Ministério da Justiça entrou em vigor, quando foram contabilizadas 60.650 ações penais ajuizadas até o fim de 2008.

Segundo o representante do CNJ no comitê gestor da Enasp, o conselheiro Bruno Dantas, a superação da chamada fase de pronúncia nos processos penais, quando o juiz decide que o caso é para julgamento em tribunal de júri, é importantíssima, já que interrompe o prazo de prescrição da denúncia.

Após o compromisso estabelecido pelo CNJ, juízes de tribunais das 27 unidades da Federação proferiram 27.193 mil pronúncias de sentença, admitindo a existência de indício de crime doloso contra a vida e definindo que o caso deve ir a júri popular. Somadas a 8.845 mil ações em fase de suspensão, 52,5% da meta foi cumprida.

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Assassino da alemã Jennifer Kloker condenado a 26 anos de prisão

Três anos depois, o Caso Jennifer, como ficou conhecido o assassinato da turista alemã Jennifer Marion Nadja Kloker, teve um desfecho. Na noite dessa quarta-feira, o júri de São Lourenço da Mata, formado por cinco mulheres e dois homens, decidiu pela condenação de Alexsandro Neves dos Santos, último réu a ser julgado e apontado como autor dos disparos que mataram a jovem. O juiz José Wilson Soares determinou a pena de 26 anos em regime fechado. A defesa já adiantou que vai recorrer.

Alexsandro Neves é apontado como autor dos disparos (ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)

O crime ocorreu naquele município na terça-feira de carnaval de 2010. Há dois meses, os demais participantes foram julgados: Delma Freire, Pablo e Ferdinando Tonelli e Dinarte Dantas. Em um julgamento que durou quase dez horas, Alexsandro voltou atrás no depoimento dado à polícia e negou ter atirado em Jennifer, apontando Pablo, companheiro da vítima, como o autor dos disparos. Na ouvida, ele disse, ainda, que foi contratado pelos Tonelli para aplicar o golpe do seguro do carro, o que teria justificado sua ida ao local do homicídio.

A defesa de Alexsandro, representada pelo advogado Armando Gonçalves, baseou sua tese no fato de que em menos de dois minutos seria impossível praticar o crime. Esse é o tempo que o carro onde a alemã foi conduzida para o local do crime ficou parado na BR-408, segundo o GPS instalado no veículo. O Ministério Público de Pernambuco, no entanto, provou que a perícia apontou que o crime poderia ter sido praticado em 49 segundos.

Em dezembro, Delma Freire foi condenada a 32 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado, além de fraude processual. Pablo e Ferdinando receberam, cada um, 25 anos e seis meses de prisão, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. Dinarte foi condenado a 14 anos pelos mesmos crimes, mas foi beneficiado pela delação premiada ao contribuir com as investigações da polícia e responde em liberdade.

Do Diario de Pernambuco.

Caso Jennifer: último acusado do crime no banco dos réus

Três anos e dez dias após a morte da alemã Jennifer Kloker, o quinto e último acusado de participação no crime que teve repercussão internacional será julgado. Alexsandro Neves dos Santos, apontado como o autor dos disparos que tiraram a vida da jovem alemã, não deve confessar participação no crime, como o fez na fase das investigações. À polícia, Alexsandro revelou que foi contratado pelos parentes de Jennifer para matá-la por R$ 5 mil. Chegou a receber a metade do dinheiro antes do crime.

Alexsandro deve negar participação. Foto: Juliana Leitão/DP/D.A.Press

O júri popular está previsto para iniciar depois das 9h, no Fórum de São Lourenço da Mata. Alexsandro deveria ter sido julgado em dezembro, junto com os outros acusados, mas a data precisou ser adiada porque o advogado dele, Armando Gonçalves, estava de licença médica. O julgamento será coordenado pelo juiz José Wilson Soares Martins, titular da Vara Criminal da cidade. Alexsandro está preso no Complexo Prisional do Curado.

A defesa solicitou a participação do perito do Instituto de Criminalística responsável pelo laudo do exame residuográfico e deve alegar que o acusado não sabia do assassinato. Alexsandro Neves informou que foi chamado para dar um golpe ao tocar fogo em um carro para receber dinheiro da seguradora e não para matar a alemã. Ele receberia R$ 5 mil pelo ato. Além do perito, os delegados Alfredo Jorge e Gleide Ângelo, do DHPP, foram intimados.

Segundo a polícia, a morte da alemã foi motivada pela existência de um seguro de vida avaliado em R$ 1,2 milhão. Inicialmente, os envolvidos alegaram que Jennifer foi sequestrada por dois motoqueiros após um assalto. Depois de ouvir testemunhas e receber informações do GPS do carro usado pela família, a polícia começou a montar o quebra-cabeça.

Quatro acusados já foram condenados pelo crime: Fotos Diario de Pernambuco

Condenações
Delma Freire, 51 anos, apontada como mentora e mandante do crime, foi condenada por homicídio duplamente qualificado, formação de quadrilha e fraude processual. A sogra de Jennifer ficou com a maior pena, 32 anos em regime fechado. Desses, ela já cumpriu mais de dois, pois está presa desde a época das investigações policiais. Pablo, 24, e Ferdinando Tonelli, 47, foram condenados a 25 anos e 6 meses por homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. Eles estão presos no Complexo Prisional do Curado desde 2010. Já Dinarte Medeiros, 42 (irmão de Delma), que responde ao processo livre, pegou 14 anos e 4 meses por homicídio e formação de quadrilha.

Com informações do Diariodepernambuco.com.br

 

Advogados dos condenados do Caso Jennifer irão recorrer

Mal a sentença havia sido anunciada pela juíza Marinês Marques Viana, os advogados dos quatro condenados pela morte de Jennifer Kloker já se articulavam quanto aos recursos que vão impetrar nos próximos dias na Justiça. José Carlos Penha, que defende Delma Freire, por exemplo, afirmou que ficou surpreso por ela também ter sido condenada por fraude processual e formação de quadrilha. Na visão dele, esses dois crimes não foram praticados por sua cliente.

“A pena pelo homicídio já havia sido elevada de 12 para 30 anos. Acredito que foi alta, por isso, vou recorrer. Vou pedir ainda pela absolvição dos outros dois crimes. Não há provas que apontem que Delma tentou fraudar o curso das investigações, nem que formou uma quadrilha”, argumentou Penha. Antes de deixar o fórum, o advogado destacou que está muito triste porque o colega de profissão Washington Barros abandonou o caso após Delma assumir que foi a mentora intelectual do assassinato da turista alemã. “Fiquei só, mas não desisti”, disse.

A defesa de Ferdinando e Pablo Tonelli afirmou que deve ir ao Complexo Aníbal Bruno conversar com seus clientes e decidir sobre o futuro deles. “Temos dois dias para embargar a decisão judicial e cinco dias para entrar com recursos”, explicou o advogado Rodrigo Almendra.

Já a defesa de Dinarte Medeiros informou que houve omissões na sentença e que, por isso, vai solicitar embargo. O advogado José Félix Santos, no entanto, não apontou que falhas teriam sido observadas. “Vamos também entrar com pedido de apelação da pena. Ele pegou mais de 14 anos de prisão, mas deveria ter sido condenado a no máximo oito anos”.

Do Diario de Pernambuco

 

Amiga de Delma assiste ao julgamento e consegue conversar com a acusada

Já que nenhum familiar de Delma Freire está acompanhando o julgamento dela e dos outros três acusados pela morte da alemã Jennifer Kloker, uma antiga conhecida da mulher apontada pela polícia como mentora do crime tem sido a única amiga a acompanhar o júri popular. A mulher que preferiu não ter o nome revelado chegou a conversar com Delma e Pablo no primeiro dia do julgamento. “Falei com os dois, mas foi muito rápido”, revelou.

 

Nesta terça-feira, a amiga fiel da ex-sogra da alemã, foi uma das primeiras a chegar ao fórum. Ficou na porta esperando autorização para entrar e mais uma vez ver Delma e Pablo. “Não dizer os motivos pelos quais Roberta (filha de Delma) e Neidinha (mãe de Delma) não vieram ao julgamento”, detalhou. Além da mãe, que mora no bairro do Barro, no Recife, Delma tem vários familiares no bairro de Afogados, Mangueira e Jardim São Paulo, mas nenhum deles está acompanhando o julgamento. Roberta Freire mora na Itália e atualmente cria o filho que Jennifer teve com Pablo.

 

Acompanhe cobertura ao vivo do julgamento no especial do Caso Jennifer no portal do Diariodepernambuco.com.br

 

Contagem regressiva para início do julgamento do Caso Jennifer

Na próxima segunda-feira, o Fórum Paulo André Dias da Silva, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, será palco do julgamento dos cinco acusados pela morte da turista alemã Jennifer Kloker, ocorrida em fevereiro de 2010.

Irão sentar no bancos dos réus os acusados Delma Freire, Pablo e Ferdinando Tonelli, Alexsandro dos Santos e Dinarte Dantas. Todos foram denunciados pelo Ministério Público como responsáveis pelo assassinato da estrangeira que foi motivado por questões financeiras. A cobiça em um seguro de vida milionário em nome da vítima.

Sala do Tribunal do Júri de São Lourenço da Mata. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A.Press

Nessa quarta-feira, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) mostrou para a imprensa como será a disposição de cada pessoa dentro da Sala do Júri. Na foto acima, você pode perceber que na cadeira principal ficará a juíza Marinês Marques Viana. Do lado esquerdo da magistrada (na foto), ficarão os promotores do Ministério Público. À direita, sentarão os advogados de defesa. Nas sete cadeiras à frente da juíza, serão colocados os jurados.

Fórum está passando por obras para o julgamento. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A/Press

Já os acusados serão dispostos do lado dos advogados, nas cadeiras encostadas na parede e serão escoltados por policiais militares e agentes penitenciários. O salão do Tribunal do Júri dispõe apenas de 84 vagas. Nos últimos dias antes do julgamento, o Fórum de São Lourenço está passando por obras para receber o público. Acompanhe aqui pelo blog, no portal do Diariodepernambuco.com.br ou pelo twitter @wagner__oliver.

 

 

 

Ex-goleiro Bruno vai ao banco dos réus nesta segunda. Conheça parte da trajetória do atleta

Do Estado de Minas

Bruno Fernandes das Dores de Souza parecia ser apenas mais um menino pobre. Na favela onde cresceu, em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, muitos garotos também se criavam aos cuidados de pessoas que não eram seus pais biológicos. Descalços e com bolas gastas, jogavam futebol nos campinhos de terra da vizinhança. Sem dinheiro para comprar chuteiras, participavam de testes em clubes amadores e profissionais. Alimentavam o sonho de se tornarem celebridades do esporte. Entre tantas ambições frustradas, Bruno poderia ter sido somente mais um — mas não foi.

O garoto cresceu e prosperou. Defendeu três dos mais populares times do Brasil, ganhou milhões de reais, foi eleito um dos melhores goleiros em atividade. Virou ídolo. Breve foi a glória, porém. Poucos anos depois, Bruno deixou tudo escapar — e de forma espantosa. Foi denunciado por mandar matar com crueldade Eliza Silva Samudio, jovem de 24 anos que, meses antes, havia dado à luz. O motivo da atrocidade, segundo o Ministério Público, foi o fato de o atleta não querer assumir ser pai de Bruninho, nem arcar com os custos de mantê-lo. Bruno abandonou os gramados e, em julho de 2010, foi preso.

Bruno ainda adolescente em Belo Horizonte. Foto: Acervo Pessoal

O julgamento que começa nesta segunda-feira pode condená-lo a viver algumas décadas encarcerado e reforçar sua decadência. Recusando-se a acreditar que ele seja culpado, familiares e amigos gostam de lembrar o esforço do menino tímido e pobre, que chegou a vender picolé e não tinha como pagar a passagem de ônibus. No entanto, ainda na juventude, Bruno mostrou temperamento agressivo e encrenqueiro. Tanto que um antigo vizinho, sem querer se identificar, disse não ter se surpreendido “quando saiu essa história da Eliza”. Mesmo depois de famoso, o atleta continuou a arrumar confusões, principalmente fora de campo.

ASCENSÃO

Bruno nasceu em Belo Horizonte, em 23 de dezembro de 1984, antevéspera de Natal. Ao dar à luz, Sandra Cássia Souza de Oliveira tinha 17 anos. Ainda grávida, foi morar na casa da família do pai do bebê, Maurílio Fernandes das Dores, em uma favela no Bairro Santa Efigênia, Região Leste da capital. São nebulosas as circunstâncias que levaram o futuro esportista a ser criado por sua avó paterna, Estela Santana Trigueiro de Souza. Em depoimento à polícia, Estela contou que Bruno tinha apenas três dias de vida quando Sandra, “pessoa muito complicada”, o abandonou no hospital, “alegando que ele estava passando mal”. A avó, então, assumiu a responsabilidade.

No entanto, essa versão é negada pela avó materna de Bruno, a professora aposentada Lucely Alves de Souza, de 68. Segundo ela, Sandra cuidou do pequeno até se mudar para Teresina (PI) com Maurílio e Rodrigo, segundo filho do casal, dois anos mais novo que o irmão. “Ela (Sandra) foi embora acompanhando Maurílio, que tinha arrumado um emprego como motorista, não sei se de ônibus ou caminhão”, relata Lucely. “Ela não abandonou (Bruno). Deixou ele (sic) com dona Estela, que o criou direitinho, pôs pra estudar”, avalia.

Apesar dos elogios de Lucely, os desentendimentos entre os lados paterno e materno de Bruno começaram cedo, antes mesmo de seu nascimento. Enquanto Estela desaprovava Sandra, Lucely torcia o nariz para Maurílio. “Ele fazia um monte de coisa errada, não era flor que se cheirasse. Não queria ele dentro da minha casa”, diz a professora aposentada, que evitava visitar a filha em seu novo endereço. “Quando ia, ficava no portão, não gostava de entrar”, recorda. Por isso, quando Sandra e Maurílio foram embora, Lucely e o marido, Willer, perderam contato com o neto. “Nem sabíamos para onde dona Estela se mudou depois”, ressalta Lucely.

Atleta sempre gostou de futebol. Foto: Acervo Pessoal

Aos sete anos, Bruno se estabeleceu com a família em uma favela no Bairro Santa Matilde, em Ribeirão das Neves. Ele e outros garotos jogavam bola em campinhos de terra batida. O extinto campo atrás do cemitério, por exemplo, era conhecido como Caveirinha. Outro campo, localizado em um terreno baldio rodeado por morros, tinha o nome de Buracão. Para ganhar dinheiro, chegou a percorrer ruas da cidade vendendo picolé em uma caixa de isopor. Também capinava quintais alheios, lavava calçadas e carros. Com esses trabalhos, conseguiu comprar chuteiras quando, aos 12 anos, passou a jogar no time da Escolinha de Futebol Palmeiras, comandada até hoje pelo técnico Edson Alves, o Fera.

Bruno era quieto, de poucas palavras, descreve Edson. Muito alto para a idade, o que facilitava a vida do goleiro, o garoto apresentava deficiências quando se tratava de defender bolas baixas. “No chão, era ruim. Tanto que, em nossos jogos, ele (Bruno) entrava mais no segundo tempo, quando a gente já estava ganhando de dois, três a zero, com a vitória quase garantida”, lembra Edson. O garoto era disciplinado. “Nunca presenciei uma briga dele dentro de campo. Nunca vi xingar ou bater em ninguém”, enfatiza o técnico.

Mais tarde, Bruno treinou por alguns meses nas categorias de base do seu primeiro time profissional, o Democrata Futebol Clube, em Sete Lagoas, também na Região Metropolitana. Em seguida, apesar de continuar com dificuldade em bolas rasteiras, foi aprovado em um teste no Venda Nova Futebol Clube, sediado em Venda Nova, periferia de BH. “Tinha qualidade, mas não parecia que seria um dos melhores goleiros do Brasil”, lembra José Valmir de Menezes, de 42, técnico do Venda Nova há duas décadas. Em campo, Bruno deixava a timidez de lado. “No jogo, ele se transformava. Sempre foi líder”, constata o técnico.

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Acusados de matar turista alemã Jennifer Kloker voltam ao banco dos réus

 

Jennifer Kloker foi morta em fevereiro de 2010. Foto: RomagnaNoi/Divulgacao

Em maio de 2011, estive de frente aos cinco acusados de participar da morte da turista alemã Jennifer Kloker. Depois de vários meses acompanhando as investigações sobre o caso era chegada a hora dos culpados apontados pela polícia pagarem pelo que fizeram. No entanto, uma manobra da defesa da mentora do crime conseguiu adiar por mais um ano um novo julgamento. Nessa terça-feira, o Tribunal de Justiça de Pernambuco anunciou que os réus Delma Freire de Medeiros, Pablo Richardson Tonelli, Ferdinando Tonelli, Alexsandro Neves dos Santos e Dinarte Dantas de Medeiros serão julgados entre os dias 10 e 13 de dezembro próximo. Eles irão a júri popular no Fórum de São Lourenço, comarca onde ocorreu o crime, em fevereiro de 2010.

Delma Freire foi apontada como mandante do crime. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press

O crime, motivado por conta do seguro de vida da vítima, teve repercussão internacional e chocou os pernambucanos quando foi comprovado que a sogra, o sogro e o próprio marido da alemã estavam por trás do assassinato. O Diario de Pernambuco apostou todas as suas fichas na cobertura deste crime a colaborou muito com o trabalho da polícia descobrindo fatos novos. Com exceção de Dinarte, que é irmão de Delma e que colaborou com as investigações, todos os outros acusados estão presos.

Alexsandro e Pablo tiveram participação no assassinato. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press

Veja matéria publicada no portald do Diariodepernambuco.com.br nesta terça-feira:

O júri popular envolvendo os cinco acusados pelo homicídio da alemã Jennifer Marion Nadja Kloker será realizado entre os dias 10 e 13 de dezembro. Delma Freire de Medeiros, Pablo Richardson Tonelli, Ferdinando Tonelli, Alexsandro Neves dos Santos e Dinarte Dantas de Medeiros serão julgados a partir das 8h, no Fórum de São Lourenço da Mata. A sessão será presidida pela juíza da 1ª Vara Cível da comarca, acumulando a Vara Criminal, Marinês Marques Viana.
Ferdinando Tonelli era sogro da vítima. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press
As testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) são os delegados responsáveis pelo inquérito, Alfredo Jorge e Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). A defesa dos acusados não arrolou testemunhas.
Acusação
A alemã Jennifer kloker foi assassinada por volta das 22h15 do dia 16 de fevereiro de 2010, na altura do km 97 da BR-408, no município de São Lourenço da Mata. Os acusados serão julgados por formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima). Circunstâncias agravantes serão levadas em consideração, devido ao grau de parentesco e convivência entre a alemã e três dos acusados (Delma, Ferdinando e Pablo). Delma Freire também será julgada por fraude processual, sob a acusação de tentar modificar os rumos da investigação ao indicar um falso autor do assassinato.
Adiamentos
O tribunal do júri sobre o assassinato da alemã já foi adiado duas vezes. A primeira foi no dia 24 de maio de 2011, devido ao deferimento do exame de sanidade mental da acusada Delma Freire. A perícia não foi realizada no tempo previsto e o julgamento não pôde ser realizado no dia 27 de julho, quando foi novamente adiado, sem data prevista.
O laudo pericial referente ao exame de Delma Freire foi homologado no dia 01 de novembro de 2012. A ré foi considerada imputável (quando o indivíduo, sem limitações de entendimento e/ou mental, possui a capacidade de entender o fato como ílicito e agir de acordo com este entendimento, podendo receber acusação por meio de queixa, crime ou denúncia do órgão público pela prática de um delito).
Julgamento
Vinte e cinco pessoas compõem o corpo de jurados. Primeiro, serão ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação. Como não há testemunhas de defesa, será realizado o interrogatório dos réus. Ao final dos depoimentos, o júri entra na fase do debate, quando acusação e defesa apresentam suas conclusões.

 

 

Mecânico condenado a 157 anos de prisão por matar ex-mulher e três crianças

Na manhã do dia 18 de outubro do ano passado, deixei a redação do Diario de Pernambuco, no bairro de Santo Amaro, no Recife, com destino à cidade de Lajedo, no Agreste, para fazer mais uma matéria para o jornal. Naquele dia, desde que peguei a estrada junto com a equipe da TV Clube, emissora do grupo Diários Associados, sabia que iria encontrar um cenário de horror no local para onde estávamos seguindo. Inconformado com o fim do relacionamento, um mecânico de 41 anos, havia matado a ex-mulher, uma filha dele com ela e mais duas crianças filhas da ex-companheira. O crime chocou os moradores do povoado e também o resto do estado.

Os crimes aconteceram entre o final da noite do dia 17 e madrugada do dia 18, no entanto, só foram descobertos no início na manhã. Desde a descoberta dos corpos, parentes e vizinhos das vítimas não tinham dúvidas de quem seria o autor da matança. A dona de casa Rozilene Hemínia, 32 anos, as flhas de 8 e 3 anos e o filhinho de apenas um ano e seis meses estavam todos mortos na sala da casa humilde onde viviam. O suspeito, Luiz Lopes da Silva Neto, havia fugido. Foi preso dias depois e julgado nessa terça-feira. Depois de oito horas de julgamento e pouco mais de um ano após o crime, ele vai pagar na prisão pelos crimes que cometeu. O acusado foi condenado a 157 anos de prisão e deve cumprir a pena no Presídio de Limoeiro, onde já estava detido. O julgamento foi realizado na Câmara dos Vereadores de Lajedo, já que o fórum da cidade não tem tribunal do júri.

Confira matéria escrita por mim e publicada no Diario de Pernambuco um dia após a chacina:

O volume alto da televisão na sala da casa simples, na zona rural de Lajedo, no Agreste, impossibilitou que os possíveis pedidos de socorro de uma família inteira fossem ouvidos pelos vizinhos. Segundo a polícia, mãe e três filhos foram assassinados pelo ex-companheiro dela, um homem que estava em liberdade condicional desde julho do ano passado, depois de cumprir parte da pena de 10 anos e oito meses à qual foi condenado por ter tentado matar, com golpes de tesoura, outra ex-companheira, em julho de 1998. Por esse crime, Luiz Lopes da Silva Neto, 41 anos, conhecido como Luizinho, havia sido preso em dezembro de 2006 e, em fevereiro de 2009, passado para o regime semiaberto. Agora, ele é apontado pela polícia como autor da chacina que assustou Lajedo e deixou chocados até mesmo os policiais. A motivação para tamanha brutalidade, de acordo com a família das vítimas, seria a recusa da dona de casa Rozilene Hermínia da Silva, 32, em reatar o relacionamento. Eles estavam separados há mais de três anos. Até o fechamento desta edição, Luizinho não havia sido preso.

Além de Rozilene, o suspeito teria assassinado a própria filha, uma garota de 8 anos, e outros dois filhos da ex-mulher. Os corpos de Fernanda Lopes da Silva, filha de Luizinho e Rozilene, e os de Nayane Keliene Ferreira, 3, e João Vitor Ferreira da Silva, de apenas 1 anos e 6 meses, foram encontrados, na manhã de ontem, por um dos irmãos de Rozilene, Edvaldo da Silva, 29 anos. A dona de casa e Fernanda teriam sido mortas a facadas, já as duas crianças mais novas morreram após terem sido afogadas em um tonel usado para armazenar água, que estava na sala da casa. Há suspeitas de que Luizinho tenha abusado sexualmente da filha, o que será comprovado após a liberação do exame sexológico feito pelo Instituto de Medicina Legal (IML), o que pode demorar até 15 dias. “Estamos todos revoltados. Se esse homem aparecer por aqui, a gente mata ele aos poucos. Isso que ele fez não é coisa que se faça com ninguém”, desabafou uma vizinha que preferiu não informar o nome. Durante todo o dia, a movimentação foi grande na frente da casa onde a família morava.

O cenário encontrado pelos familiares e pelos policiais era de horror. “Eu não tive condições de entrar na casa, mas meu irmão disse que estava a coisa mais feia do mundo. Ele ainda tentou socorrer meu sobrinho, mas não deu mais tempo”, contou Leandro Serafim das Neves, irmão de Rozilene. “Eles já estavam separados, mas ele sempre vinha trazer um dinheiro para a filha e dizia que queria ficar com Rozilene. Tentava fazer sexo com ela de qualquer jeito. Ontem (anteontem), ele chegou a dizer que à noite eles iriam namorar. Mas ela recusou o convite dele”, contou uma vizinha das vítimas. Os corpos das vítimas devem ser sepultados ainda hoje em Lajedo.