Desta quarta-feira (12) até sexta-feira (14), o Diario de Pernambuco apresenta, na versão impressa e online, a série de reportagens #NaPortadoCotel, com textos da repórter Marcionila Teixeira e fotos de Bruna Monteiro, revelando os detalhes dessa espera, o retrato das filas pelas unidades do país afora e a impressão do governo do estado e dos direitos humanos acerca da fila que não para de crescer.
Na internet, o jornal traz um hotsite especial com conteúdo extra, como vídeos, infográficos e galeria de imagens, atualizado diariamente junto com a versão impressa. Para acessar, basta entrar no site www.diariodepernambuco.com.br.
As repóretes acompanharam os dramas de mães, esposas e pais na busca pelo encontro com os parentes presos. Descobriram o comércio que sobrevive da dor alheia, alugando colchões velhos e até vendendo lugares na fila do Cotel. A unidade foi projetada para receber 311 presos, mas tem hoje sete vezes mais homens. Cerca de 40 chegam por dia à unidade.
Em muitas rodas de conversa, nos últimos dias, grupos de amigos têm falado sobre os seus lucros e tentado convencer mais e mais pessoas a entrarem no mercado do marketing multinível (MMN). No entanto, a matéria publicada na edição desta terça-feira no Diario de Pernambuco sobre a suspeita de pirâmide na Priples teve grande repercussão na imprensa e nas redes sociais. Assim como muitos leitores, eu também já tinha ouvido falar muito sobre esse tipo de investimento e conheço pessoas que depositaram suas economias em algumas empresas do ramo na esperança de obter lucro.
Confesso que também sempre tive curiosidade de saber um pouco mais sobre a proposta dessas empresas. Ontem cedo, quando me dirigia ao trabalho, recebi um telefonema de uma fonte informando que um grupo de pessoas estava procurando a polícia para prestar queixa. Prontamente, repassei a informação para a editoria de Economia que trouxe uma matéria completa na edição desta terça-feira.
Veja abaixo o que o Procon fala sobre esse tipo de investimento.
Com pequenas variações, os negócios desse segmento têm como principal política de remuneração a quantidade de propagandas publicadas e o número de novos clientes indicados para o negócio. Para o Procon-PE, essas empresas devem ser vistas com cautela.
“A maior parte dessas empresas remuneram seus clientes com o dinheiro da adesão de novos clientes. Mesmo que eles tenham outros produtos a oferecer, não são essas vendas que suportam a quantidade de dinheiro que eles distribuem mensalmente. Então provavelmente vai chegar um momento em que isso vai saturar”, afirma o coordenador-geral do Procon-PE, José Rangel. Ele exemplifica com um estudo feito pelo Procon sobre a Telexfree. “Foram encontrados indícios de pirâmide, além de mais de uma dezena de irregularidades no contrato.”
A despeito das críticas, há quem tem ganho dinheiro com MMN. Com um investimento inicial de apenas R$ 600 em uma conta da Telexfree, o ex-bancário Pedro dos Santos hoje acumula um patrimônio estimado em quase R$ 500 mil, segundo ele. Já comprou uma caminhonete S10 e vários terrenos. E tudo partir da aquisição de várias contas na Telexfree e em outras empresas de MMN, como a BBOM. “Sou contador e sei que marketing multinível não é pirâmide.”
O Ministério Público de Pernambuco e o Ministério da Justiça informaram que estão investigando a Telexfree por suspeita de fraude financeira. Pelo mesmo motivo, o MPPE também abriu uma ação contra a BBOM. A Polícia Federal disse que não se pronunciava sobre investigações em curso. Desde a semana passada o Diario entrou em contato por e-mail com a Telexfree e a BBOM. Não houve resposta.
Em um mês, R$ 1 mil geram mais R$ 600. No mínimo. E o melhor: você nem precisa sair de casa para isso. É só responder a cinco perguntas propostas diariamente por um site. E pode pesquisar na internet para responder, se quiser. E não se preocupe, ninguém do portal vai checar se as respostas estão corretas. Parece brincadeira, mas não é. É esse o negócio que uma empresa pernambucana de marketing multinível chamada Priples propõe aos usuários.
Com quantias a partir de R$ 100, o investidor ganha o direito de ser remunerado em 2% ao dia durante um ano. A promessa de ganhos chama tanta atenção que também atraiu os olhares da Polícia Civil do estado, que abriu inquérito para investigar o caso. A Priples está sendo investigada por crime contra a economia popular – mais conhecido como esquema de pirâmide financeira. Já existem 11 queixas contra a empresa.
Segundo o advogado Thiago Lapenda, do escritório Lima e Falcão, pode ser configurada como pirâmide toda operação financeira em que a remuneração de clientes antigos é feita com o dinheiro de novos clientes, e não com o rendimento de serviços ou produtos vendidos. “Esse tipo de negócio não é sustentável, pois os lucros distribuídos são maiores que a receita da empresa.”
O delegado titular da Delegacia do Ipsep e autor do inquérito contra a Priples, Carlos Ferraz, acredita que o caso se trate de uma pirâmide e só espera o resultado da perícia contábil para comprovar oficialmente sua tese. “Como uma empresa cuja razão social é de R$ 30 mil pode pagar dividendos milionários aos seus clientes?” Ferraz conta que a Priples poderá ser indiciada por outros crimes, como formação de quadrilha, sonegação fiscal e estelionato.
O dono da empresa, Henrique Maciel Carmo de Lima, foi intimado para depor, mas não compareceu. Quando for concluído, o caso será levado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Até agora 11 pessoas prestaram queixa contra Priples, de acordo com Carlos Ferraz. Foram registradas denúncias a respeito do não pagamento dos rendimentos no dia previsto
Há também queixas dos usuários por não conseguirem localizar a sede física da Priples. Os dois endereços fornecidos no site são falsos. A sede apontada no site é o empresarial Pontus Corporate Center, em Boa Viagem. A reportagem foi ao local e apurou que não havia sala ocupada pela Priples. A outra, na Estância, trata-se da ex-residência de Henrique Maciel. A reportagem não conseguiu entrar em contato com Maciel. Desde a semana passada, a reportagem do Diario solicitou uma entrevista pela seção “fale conosco”, sem sucesso.
Por Hugo Bispo
Confira matéria completa na edição do Diario desta terça-feira
A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado realiza debate nesta terça-feira (11), às 14 horas, sobre a necessidade de fortalecer o Disque-Denúncia nos estados. A audiência pública será realizada no Plenário 6. A deputada Keiko Ota (PSB-SP), que sugeriu o debate, afirma que é preciso discutir a possibilidade de unificar os números emergenciais no País “para atender melhor a comunidade no combate ao crime”.
Foram convidados:
– o superintendente executivo do Instituto São Paulo Contra a Violência, José Roberto Bellintani;
– o secretário-adjunto de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Juarez Pinheiro; e
– o coordenador do Disque-Denúncia do Rio de Janeiro, Zeca Borges.