Governo investirá R$ 53 milhões em perícias criminais

Da Agência Brasil

A chefe da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Regina Miki, anunciou, em Brasília, R$ 53 milhões em investimentos, medida que vai equipar todos estados com itens necessários para perícias criminais. “Não faremos um repasse de verba ao estado e sim a aquisição com a entrega de materiais. A princípio, pode parecer pouco, mas é quase dez vezes mais do que se investia antes”. A medida foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira (17).

Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Todos os estados serão beneficiados com a verba. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

O anúncio foi feito na abertura do 23º Congresso Nacional de Criminalística, iniciado nessa segunda. O principal objetivo do congresso é promover debates e troca de experiências entre os peritos criminais do país. Regina explicou que o encontro contribuirá para aperfeiçoar o trabalho dos peritos, auxiliado pelo manual Procedimento Operacional Padrão, que orienta os profissionais sobre todos os tipos de perícias. A obra foi lançada durante o evento.

“Isso (a publicação) nos facilitará na perícia primária e também na mais avançada. Um perito regional, quando receber uma peça a ser examinada, saberá qual o procedimento tomar, conferindo agilidade às perícias e aos autos. Foram os peritos do Brasil que formataram esse procedimento. E agora, os ‘pais da criança’ devem ajudar a criá-la”, disse Regina.

O congresso vai até quinta-feira (19) e terá debates, apresentação de trabalhos científicos e oferecerá cursos na área de crimes ambientais, crimes de informática, química forense, dentre outros. Outras informações podem ser obtidas no site do evento.

Peritos de Brasília estudam tempo de marcas deixadas por impressões digitais

Do Correio Braziliense

Diferentemente do que mostram as longas e árduas investigações da série de televisão norte-americana CSI, a identificação de uma impressão digital, palmar ou da planta dos pés é suficiente para solucionar um caso policial. Isso porque, muitas vezes, o vestígio pertence a uma pessoa que não tem acesso legítimo ao local do crime, e a comprovação de que ela esteve ali facilita imensamente o trabalho dos investigadores.

No entanto, nem sempre o autor é alguém desconhecido das vítimas, e as impressões encontradas são todas de indivíduos que costumam ir ao local. Nessas situações, a investigação tende a se complicar, e a informação sobre o momento em que determinada impressão foi marcada na cena – antes, durante ou depois do crime – pode ser crucial para elucidar a história.

Foi um desses casos que chegou, em 2009, à equipe do Laboratório de Perícia Papiloscópica do Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal (II-PCDF). Ao investigar o homicídio do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, de sua mulher e da empregada da casa, os responsáveis pelo caso não acharam nenhuma impressão digital estranha. Chegou-se, então, à necessidade de confirmar quando a marca de uma palma da mão havia sido feita em um móvel do apartamento, na 113 Sul.

O objetivo era descobrir em qual período o dono daquela impressão palmar tinha passado pelo local. Frente a esse desafio, o papiloscopista brasiliense Rodrigo Meneses de Barros, que ficou encarregado da missão, desenvolveu um método para chegar à resposta. Replicada em um experimento na Universidade de Brasília (UnB), a técnica foi descrita na última edição da respeitada revista forense internacional Science and Justice.

 

Pernambuco é o 10º no país em assassinatos de mulheres

Oito dos 100 municípios brasileiros com as maiores taxas de homicídio de mulheres são pernambucanos. Os dados constam do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, que investiga a violência contra a mulher no país.

Quatro dos oito municípios estão na Região Metropolitana do Recife: Abreu e Lima (10,1), Ipojuca (9,8), Cabo de Santo Agostinho (9,6) e Paulista (8,8), cujas taxas são superiores à pernambucana, que é de 5,4 mortes por cem mil mulheres. O índice estadual coloca Pernambuco na décima posição do ranking nacional.

Apesar de algumas ações contra a violência terem sido iniciadas no estado, mortes ainda preocupam população (HELDER TAVARES/DP/D.A. PRESS)
A situação de Bezerros, no Agreste, é a mais preocupante. Com 13,1 homicídios por 100 mil mulheres, o município apresenta uma taxa superior a do Espírito Santo, que ocupa o topo do ranking dos estados brasileiros, com o índice de 9,8. O quadro fica bem pior se comparado com o Piauí, que tem a melhor situação, com taxa de 2,6.

Bezerros fica abaixo de Paragominas, município do Pará, com a pior taxa nacional: segundo o Mapa da Violência de 2012, de 24,7, quase igual à segunda pior taxa, de Piraquara, no Paraná, que alcançou 24,4.

Leia matéria completa na edição impressa do Diario de Pernambuco desta terça-feira

Estado registra 20% na redução de homicídios até a metade de setembro

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, revelou que nos primeiros 15 dias do mês de setembro o estado acumula uma redução de 20% no número de assassinatos em relação ao mês anterior. O titular da pasta disse que os números estão satisfatórios.

Wilson Damázio não gostou do balanço. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Wilson Damázio quer manter redução. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Para tentar manter a diminuição nas mortes ocorridas no estado, Damázio estava em reunião a portas fechadas, na noite dessa segunda-feira, em seu gabinete, com o chefe do Estado Maior da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Paulo Cabral, e mais dois oficiais da corporação.

Ao que parece, a SDS está apostando todas as fichas na Polícia Militar para cumprir as metas do Pacto pela Vida. Enquanto isso, as queixas na Polícia Civil só fazem aumentar em relação à falta de investimentos para as investigações.

Voluntários fogem da Funase assim como o diabo foge da cruz

Por Marcionila Teixeira, do Diario de Pernambuco

Luciana Menezes, 31 anos, aceitou desafiar o senso comum. Melhor para ela. Toda terça-feira, das 13h30 às 15h30, aprende um pouco mais sobre as relações humanas. Em troca, ensina espanhol, de graça, para um grupo de meninas que cumpre medida de internamento no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Santa Luzia, da Funase. Luciana é quase única. Além dela, somente a cabeleireira Maria das Graças Torres de Souza, 59, presta serviços voluntários na instituição, que conta com 21 unidades no estado.

Luciana ensina espanhol a adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo (CRISTIANE SILVA/ESP.DP/D.A PRESS)

O preconceito relacionado a jovens em conflito com a lei afasta os interessados em doar um pouco do seu tempo livre. O resultado dessa lógica injusta é que a Funase é uma das instituições pernambucanas que mais sofre com a falta de trabalho voluntário, apesar de ser uma das que mais precisa desse tipo de atenção diferenciada.

“Aqui aprendi que as meninas não são como as pessoas pensam lá fora. São doces, carentes. Através desse trabalho, passamos a acreditar mais no outro, no que ele tem a oferecer”, diz Luciana. Nas unidades da Funase, o voluntariado é mais que bem vindo. É necessário. Segundo Lurdes Tomás, da instituição, há carência de oficinas de arte-educação na área de cultura e esportes.

“Sentimos falta de rodas de leitura, onde as pessoas sentam e discutem o conteúdo de um livro. Afinal, a leitura abre a cabeça para o mundo”, defende. Lurdes lembra que não há material didático disponível e por isso o voluntário precisa usar a criatividade. As duas voluntárias da Funase desenvolvem seus serviços graças a um convênio firmado entre o Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros, da Universidade Federal de Pernambuco, e a Funase.